Candidato à presidência do V. Guimarães admite cortes salariais e caso venha a ser eleito equaciona abdicar da equipa de sub-23.
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António Miguel Cardoso, de 45 anos, pretende apostar no crescimento do V. Guimarães. O candidato às eleições do clube, marcadas para 5 de março, quer reduzir gastos, cortar alguns salários, mas mantém a confiança em Pepa no comando técnico da equipa de futebol. Abdicar dos sub-23 está em equação, além de sublinhar que o diretor desportivo não terá "carta branca".
O que trará de novo ao clube?
É muito importante fazermos um corte com o passado recente. Andamos tristes com o que se tem passado a nível desportivo, financeiro e de estratégia. São precisas pessoas competentes, que tenham a vida profissional e pessoal resolvidas, e que venham para ajudar o Vitória a crescer e não para se valorizarem. A nossa lista está preparada para ajudar o Vitória a crescer.
Que projeto tem para o futebol?
Nos últimos três anos foram feitos grandes investimentos, uma aposta em equipas caras e salários altos, mas não tivemos resultados desportivos. Queremos muito mais e, com uma gestão rigorosa e critério, acreditamos ser possível fazer muito melhor com orçamentos mais reduzidos. É preciso recuperar a mística e ter jogadores que dão tudo em campo e com um sentimento de união e de cultura de clube. Temos de lutar sempre pelos lugares cimeiros.
É possível reduzir orçamentos e ter equipas mais fortes?
Sim, com um projeto e gente sólida na Direção. Não podemos ir para o mercado de transferências e fazer as coisas em cima da hora. Um ano antes, temos de planear a época seguinte, ver as oportunidades no mercado e fazer parcerias com clubes de fora. Há equipas com orçamentos muito mais baixos que o Vitória que vão às competições europeias.
Quem será o seu diretor desportivo?
Neste momento não é a altura certa para anunciar o nome, mas o meu diretor desportivo não terá carta branca para fazer o que entender. Aconteceu agora, mas isso não vai acontecer connosco.
Pepa é o seu treinador?
Pelo trabalho que fui acompanhando nos últimos anos, Pepa pode fazer muito melhor, se tiver uma Direção que esteja ao lado do treinador a ajudar.
As contas têm gerado preocupação. Quais são as soluções?
Estamos a caminhar para o abismo e é necessário inverter o caminho. Precisamos de uma gestão desportiva com mais critério e rigor e uma redução das despesas nas equipas e nos recursos humanos. Há jogadores com salários muito altos. Propomos ter uma almofada financeira que nos ajude a gerir o curto prazo do Vitória. O ideal é não ter que a utilizar, mas não teremos essa hipótese.
Quais os planos para o futebol de formação?
Uma aposta forte e consecutiva. Não pode ser só quando não há capacidade financeira. Há muito potencial e os jovens têm de ver o D. Afonso Henriques como uma oportunidade. A cultura Vitória é muito importante.
E para a equipa B e de sub-23?
Com o desastre financeiro que nos encontramos, temos de reduzir o número de equipas. Vejo com bons olhos, neste momento, abdicar da equipa de sub-23. Mas não quer dizer que se abdique de jogadores. Muitos podem ser emprestados para voltarem mais fortes.
E para as modalidades?
Acima de tudo, apoiar as que existem. Teremos gente empenhada para que elas possam crescer e teremos um departamento de marketing e comercial a trabalhar como um todo. Apostar na formação também será crucial.
Que planos tem para o crescimento do número de sócios?
O mais importante é as nossas equipas terem garra em todos os jogos e em todas as modalidades. Se ela existir, facilmente teremos mais sócios. Não podemos estar empolgados por uma vitória ao Braga e depois termos famílias a viajarem para o Jamor e ficarem desoladas.
No último ano eleitoral ficou em segundo com 2202 votos. É um bom ponto de partida?
É um bom número. Agora, estamos mais evoluídos e temos uma equipa mais sólida. Temos sentido grande apoio dos sócios.
Surpreendido com o avanço de Alex Costa e a recandidatura de Miguel Pinto Lisboa?
Se esta Direção estivesse a fazer um bom trabalho, não era candidato. Somos o que o Vitória precisa neste momento.
Empresário no ramo da hotelaria e do turismo, António Miguel Cardoso, de 45 anos, volta a candidatar-se à presidência do Vitória de Guimarães, depois de ter ficado na segunda posição, em 2019, com 31,1% dos votos. O candidato pela lista A, com o slogan "Mais Vitória", é o sócio número 4530, tem uma pós-graduação em gestão desportiva e já foi agente desportivo, mas nunca fez disso a sua atividade principal. Praticante de desporto, já jogou futebol universitário nos Estados Unidos. O ténis é outra das suas paixões.