Bougadense celebra, neste domingo, quatro décadas e meia de existência. Clube procura reerguer-se com gestão muito rigorosa e forte aposta nos escalões de formação. Jogadores recebem, unicamente, 20 euros por cada vitória
Corpo do artigo
No longínquo ano de 1972, um grupo de amigos decidiu fundar um clube para dar maior realce e importância às jogatanas em que participavam. A 12 de março do mesmo ano nascia, na Trofa, o Atlético Clube Bougadense, emblema que com o passar dos anos se foi afirmando no panorama futebolístico da maior associação do país. Um crescimento que teve como ponto alto as três participações na Divisão de Honra, entre 2002 e 2005, na altura o principal patamar da A. F. Porto.
Sócio fundador, Hilário Duque preside ao Bougadense há três épocas. Um dos únicos cargos que o dirigente, de 66 anos, ainda não tinha ocupado. Uma figura emblemática e que ficará para sempre ligado à história. Ou não fosse o autor do primeiro golo oficial do Bougadense, a 21 de outubro de 1972, no triunfo, por 2-1, sobre o INCANA, no jogo de estreia no Campeonato de Amadores da A. F. Porto. "No início, fundámos o clube para dar uns chutos e, depois, ir comer uns petiscos. Nunca pensei que atingiria este nível, mas só me posso sentir orgulhoso no que o Bougadense se tornou", explica, com um brilho no olhar, Hilário Duque.
"O clube vai sobrevivendo com algumas dificuldades, mas continua a ser motivo de orgulho para todos aqueles que o representam. Quando assumi a presidência, tínhamos uma dívida de 37 mil euros e, agora, está em 7500. Enquanto não a conseguirmos liquidar na totalidade, não poderemos pensar em ambicionar com a subida à Honra", justifica Hilário Duque, salientando a "forte aposta" que o Bougadense fez na formação.
"Apesar de sermos vizinhos do Trofense, há espaço para todos. Temos todos os escalões de formação e, nesta época, criámos uma equipa B [compete na 2.ª Divisão Distrital] para possibilitar um espaço competitivo aos jogadores que sobem dos juniores", justifica o dirigente, que se dedica ao Bougadense de alma e coração. "Passo cerca de dez horas por dia no clube e trato-o com o maior carinho, como um filho", concluiu, Hilário Duque.
"Formámos um grupo de amigos"
Mergulhado na 2.ª Divisão Distrital, o Bougadense recorreu a Agostinho Lima, treinador que tinha feito história na formação e realizado um bom trabalho na equipa sénior. O treinador, de 54 anos, aceitou o desafio e os resultados falam por si. Subiu na primeira época, garantiu a permanência na segunda e nesta temporada a equipa encontra-se num tranquilo oitavo lugar. "Construímos um plantel a custo zero e à base de jogadores que já tinha treinado, alguns deles que não jogavam há vários anos, e formámos um excelente grupo de amigos, uma segunda família. Só assim conseguimos ombrear com clubes com outros argumentos", justifica Agostinho Lima. Amanhã, em dia de 45.º aniversário, o Bougadense defronta o Torrão, lanterna vermelha do campeonato. Somar os três pontos, que garante a cada jogador um prémio de 20 euros, fará com que a festa tenha ainda mais sabor.