
Artur Soares Dias é um dos árbitros portugueses que, além de apitar, tem feito o papel de VAR
António Cotrim/Lusa
Em pleno defeso, ex-árbitros dão achegas para aperfeiçoar o setor. Gestão futura por entidade externa bem recebida, mas com reservas.
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A arbitragem portuguesa deverá aproveitar a ideia da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de entregar a gestão do setor a uma entidade externa para dar passos em frente, no sentido da modernidade e visando o maior profissionalismo possível.
Com as principais ligas já concluídas, o tempo é de balanço, também em termos de arbitragem, tantas vezes um tema polémico e dominante na atualidade.
"Se se quer uma arbitragem competitiva e de qualidade, a ideia tem de ir no sentido do aperfeiçoamento e da excelência", frisa, ao JN, o ex-árbitro José Leirós.
Paulo Pereira, outro ex-juiz de futebol, entende que "há margem para melhorar o setor", mas realça que quando se propõe entregar a gestão do futebol profissional a uma entidade externa, isso tem de ser bem avaliado, para que em vez do passo em frente, não se agrave os problemas: "Não vejo mal na entrega em si. Mas parece que a Federação e o próprio Conselho de Arbitragem estão a tentar livrar-se desta responsabilidade".
Ao JN, Cunha Antunes, outro ex-árbitro de futebol, entende que "a cultura desportiva devia mudar", através da criação de programas de incentivo, nomeadamente junto dos adeptos, e que o setor da arbitragem só beneficiaria, com o fomento do fair-play. "É preciso vontade para se melhorar e estudar bem o problema. A arbitragem portuguesa tem condições para estar no patamar das melhores europeias, mas precisa de ser bem acarinhada, o que nem sempre acontece", frisa.
Já José Leirós entende que a entrega do futebol a uma entidade externa pode ajudar a subir o nível da arbitragem, aplaudindo, a propósito, nomeadamente, a inclusão no processo de Pedro Proença, antigo árbitro internacional e atual presidente da Liga Portugal. "Foi o melhor árbitro do Mundo, é muito experiente e dará certamente um contributo válido à discussão em curso", faz notar.
VAR com separação de funções
Entre as ideias a implementar há quem defenda que a função de vídeoárbitro devia ser feita em exclusivo. Atualmente há um grupo que já o faz, mas há também quem acumule funções e, por exemplo, no mesmo fim de semana, arbitre um jogo e seja VAR noutro.
"O melhor é que o VAR não fosse árbitro no ativo", refere Cunha Antunes, posição que é partilhada por Paulo Pereira, com uma achega adicional: "Devia haver mais elementos em exclusivo no VAR e também seria bom tirar o máximo proveito da ferramenta à disposição, o que nem sempre acontece".
José Leirós acha que falar em mudanças no setor faz acreditar "num esforço em melhorar", mas duvida que a curto prazo haja novidades, por exemplo, até ao arranque de 2023/24. "Fazer isto em dois meses não é viável".
Ingleses à frente
Em Inglaterra há já 22 anos que uma entidade externa independente (PGMOL) tem a pasta da arbitragem. Financiada pela Premier League, Liga e Federação inglesas, cabe-lhe tarefas como fazer nomeações, estabelecer critérios de subidas e descidas, definir salários e negociar acordos comerciais.
