Para muitos, ser árbitro é uma forma de manter a ligação ao futebol e de tentar chegar ao mais alto nível por outra via, que não o jogo.
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Quando se conhecem as polémicas que muitas vezes envolvem os árbitros e o estigma por vezes associado a quem apita jogos de futebol, é interessante perceber o que leva um jovem a apostar numa carreira na arbitragem. “Comecei a jogar futebol com 11 anos. Mas a certa altura parei para pensar e foi quando me começaram a falar em seguir a arbitragem. Optei por aquilo que me pareceu ser melhor para mim. A partir daí decidi tirar o curso, já estou há um ano como árbitro da A.F. Porto e estou a gostar”, conta, ao JN, Gonçalo Ferreirinha (22 anos), ex-jogador, que sonha agora com uma carreira ao mais alto nível, sem se deixar intimidar pelo ambiente difícil, que muitas vezes rodeia os árbitros. “Há claramente vantagens e inconvenientes, mas posso conseguir continuar ligado ao futebol através de uma carreira na arbitragem e sinto-me satisfeito e com vontade de fazer da arbitragem profissão”, reforçou, sem esconder a paixão que o move.
Quando enveredam por fazer carreira na arbitragem, os jovens nem sempre têm noção dos valores envolvidos, mas um árbitro de primeira categoria pode facilmente ultrapassar a fasquia dos 5 mil euros mensais, com 1650 euros pagos, por jogo, mais cerca de 3 mil euros em subsídios ao fim do mês, no caso de um árbitro internacional. Mas a mesma paixão pelo futebol transparece no discurso de Pedro Lopes (24 anos), árbitro da A.F. Porto, que vai na quarta temporada e pretende dar continuidade à carreira. “Quando deixei de jogar futebol surgiu a hipótese de ser árbitro, tinha alguns amigos que eram árbitros que me influenciaram, e como queria continuar ligado ao futebol, foi uma forma diferente e desafiadora de o fazer e tirei o curso”, explica, ao JN. “Hoje vejo o futebol de forma diferente e ainda mais apaixonado por todas as emoções que nos traz. Enquanto jogador não tinha noção de certas leis e regulamentos que existem. Como árbitro fui aprofundando essas leis e gosto de aprender sobre futebol. Quando era jogador só me preocupava em jogar, mas um árbitro tem de estar com uma postura diferente, porque qualquer erro estraga o jogo. Como jogador podia falhar um passe ou um remate, mas como árbitro não posso falhar nas decisões, porque fica logo o caldo entornado”, reconhece Pedro Lopes.