Ao longo da época vários jogadores evidenciaram-se e contribuíram para os melhores resultados dos respetivos clubes, com golos ou assistências.
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"O jogo é dos jogadores". A frase é dita, repetida, recuperada e relembrada vezes sem conta, principalmente por alguns dos melhores treinadores do Mundo, sendo que, às vezes, também se perde no meio de tanta atenção tática e estratégica, e num futebol cada vez mais complexo, estudado, analisado e, até certo ponto, previsível por isso mesmo. É verdade que são os jogadores que jogam, mas, na maioria das vezes, o que eles jogam depende dos contextos em que estão inseridos. Há uns que são favoráveis, outros nem tanto. E depois há aqueles jogadores que se sobrepõem ao coletivo, como Darwin mostrou ao serviço do Benfica.
A Liga 2021/22 coroou o F. C. Porto campeão, mas também teve um Gil Vicente a surpreender tudo e todos, um Braga capaz de ganhar aos três grandes e um Sporting que lutou pelo título quase até à última. E todas elas tiveram futebolistas que sobressaíram, seja como expoentes máximos de dinâmicas coletivas, seja a aparecerem em momentos decisivos e a resolver jogos individualmente. Se são as grandes equipas que fazem os grandes jogadores ou se são os grandes jogadores que fazem as grandes equipas é outra questão sem uma resposta objetiva. Talvez ela esteja algures no meio dessas duas teorias.
O campeonato que terminou na semana passada também fica na história como o campeonato da regularidade e do critério com bola do portista Otávio, da estreia de Sarabia que quase imediatamente deixou Alvalade rendido, dos golos, de todas as maneiras e feitios, do benfiquista Darwin, da predisposição de Ricardo Horta para aparecer em vários dos momentos mais delicados que o Braga passou, das arrancadas e da frieza de Samuel Lino, que valerão ao Gil Vicente cerca de 6,5 milhões pagos pelo Atlético Madrid.
Mas do quinto lugar para baixo também há quem se tenha destacado e contribuído para as respetivas equipas alcançarem objetivos coletivos. Estupiñan e Banza foram os abonos de família de V. Guimarães e Famalicão, respetivamente, e André Franco foi o homem mais do Estoril. Em Paços de Ferreira, finalmente Nuno Santos mostrou o talento que tantos lhe atribuem e Petar Musa chegou ao Bessa como um mero desconhecido para acabar a época como uma das revelações da Liga.
Otávio (F. C. Porto): 32 jogos e 3 golos
Houve as defesas de Diogo Costa, os cortes de Pepe e Mbemba e os golos de Taremi, mas quem mexia quase todos os cordelinhos do campeão era Otávio, cada vez mais preponderante nos dragões, como prova o facto de acabar o campeonato como o segundo jogador de campo mais utilizado por Sérgio Conceição, tendo sido titular em todos os jogos em que esteve disponível. Líder com a bola nos pés, o internacional português não é um médio goleador, mas faz a diferença com passes decisivos: foram 12 assistências.
Sarabia (Sporting): 29 jogos e 15 golos
Foi chegar, ver e vencer. A teoria de que os bons jogadores não precisam de adaptação tem no internacional espanhol mais um exemplo prático. Emprestado ao Sporting pelo Paris Saint-Germain, Pablo Sarabia logo mostrou que seria um craque a ter em conta na Liga e o decorrer do campeonato mostrou isso mesmo. A marcar ou a assistir, foi o jogador mais desequilibrador dos leões, estando diretamente envolvido em 22 dos 73 golos que a equipa de Ruben Amorim marcou. Foi só um ano, mas deixará saudade em Alvalade.
Darwin (Benfica): 28 jogos e 26 golos
Mesmo numa equipa que raramente funcionou bem ao longo do campeonato, o uruguaio destacou-se e foi, muitas vezes, o abono de família das águias. Contratado ao Almería, o próprio admitiu que a época de estreia deixou a desejar, algo que não se verificou em 2021/22. Muito longe disso. Darwin foi quase sempre o desequilibrador das águias e acaba a Liga como o goleador, destacado da competição, com uma média de quase um golo por jogo. Aos 22 anos, fez a melhor temporada na Europa e é muito cobiçado.
Ricardo Horta (Braga): 32 jogos e 19 golos
No início de 2021/22, Ricardo Horta precisava de marcar mais 23 golos para se tornar no maior goleador da história do Braga. E conseguiu-o. Dezanove desses golos foram no campeonato, com o internacional português a voltar a ser decisivo para os braguistas se manterem logo atrás dos três grandes. Ricardo Horta foi o terceiro melhor marcador da Liga, superado apenas por Darwin e Taremi, com a particularidades de muitos desses golos terem sido decisivos para a equipa de Carlos Carvalhal somar pontos.
Samuel Lino (Gil Vicente): 34 jogos e 12 golos
Criativo, irreverente, virado para a baliza adversária, Samuel Lino é, talvez, o melhor reflexo do que foi a equipa de Ricardo Soares ao longo da temporada. Aos 22 anos, o jogador brasileiro descoberto por Vítor Oliveira no modesto São Bernardo (Brasil) viveu a melhor temporada no futebol profissional, confirmando as boas indicações deixadas na época passada. Com Pedrinho e Fran Navarro, formou um trio que inspirou os maiores cuidados a todos os adversários e em 2022/23 vai dar o salto para o Atlético Madrid.
Estupiñan (V. Guimarães): 28 jogos e 15 golos
Com golos decisivos ao longo de toda a época, o avançado colombiano não tem concorrência quando se fala do melhor jogador do V. Guimarães. Valeu vários pontos à equipa de Pepa.
Banza (Famalicão): 29 jogos e 14 golos
Quase um terço dos golos do Famalicão na Liga tiveram a assinatura do avançado francês, decisivo para a permanência. Contratado ao Lens (França), revelou-se uma aposta mais do que acertada.
André Franco (Estoril): 33 jogos e 11 golos
Mais golos marcados, mais assistências e segundo jogador com mais minutos. A estreia de André Franco na Liga foi brilhante e o médio figura entre uma das grandes revelações da Liga.
Nuno Santos (Paços de Ferreira): 31 jogos e 5 golos
Depois de Moreirense e Boavista, Nuno Santos teve a época de consolidação na Liga. Cedido pelo Benfica, brilhou na Mata Real e as boas exibições devem valer-lhe um salto na carreira.
Musa (Boavista): 27 jogos e 11 golos
Em estreia na Liga, o avançado croata cedo começou a convencer. Estabeleceu-se como indiscutível no Bessa, acabou a época como o goleador axadrezado e está a caminho do Benfica.