O suíço Joseph Blatter demitiu-se, esta terça-feira, da presidência da FIFA, na sequência de um escândalo de corrupção. Conheça as reações à saída do homem que mandou sem rivais.
Corpo do artigo
O presidente da UEFA, o francês Michel Platini, considerou esta terça-feira que a demissão do suíço Joseph Blatter da liderança da FIFA foi a "decisão certa", mas também "difícil" e "corajosa".
Foi uma decisão difícil, uma decisão corajosa e decisão certa", disse Platini, numa pequena nota publicada pela UEFA.
"A decisão do senhor Blatter em pedir a sua demissão era a única possível, atendendo aos acontecimentos da última semana. Hoje mesmo tive a oportunidade de publicamente demonstrar a minha preocupação com os recentes acontecimentos na FIFA, considerando que o ato eleitoral e a consequente recondução do senhor Blatter no cargo de presidente da FIFA não tinham contribuído para a necessária transparência e credibilidade do órgão máximo do futebol mundial", disse o secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro.
"Num momento em que verificamos a necessidade de combater firmemente os fenómenos de corrupção associados ao jogo, é fundamental que a estrutura de cúpula do futebol seja um exemplo para todos os agentes desportivos", acrescentou o governante.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, disse que o organismo esteve na "primeira linha dos que defendiam" a saída de Joseph Blatter e defendeu uma FIFA "mais democrática e mais transparente". Sobre a possível candidatura de Figo, Gomes afirmou que "é uma decisão pessoal que pertence inteiramente ao Luís Figo. A FPF aguarda com serenidade o que vai decidir para depois, em conformidade, agir no interesse global do futebol mundial", concluiu.
A demissão de Joseph Blatter de presidente da FIFA está a ser saudada também em vários quadrantes do mundo do futebol, entre as quais as históricas federações de Inglaterra e França, duas das mais antigas.
Em declarações à BBC World, Greg Dyke, da inglesa FA, diz que a resignação é "boa para o futebol" e que Blatter percebeu que o escândalo de corrupção recentemente revelado "estava a chegar perto dele".
"É um belo dia. Penso que é excelente para o futebol e o início de algo de novo", disse Dyke. "Na sexta-feira disse para mim: 'isto ainda não acabou'. Só não pensei que fosse tão depressa".
Dyke pede uma reestruturação para toda a organização da FIFA, sublinhando que "o futuro tem de ser pela transparência e estas notícias são excelentes".
Noel Le Graet, presidente da federação francesa, considera que este é o momento de "recomeçar com boas bases". Em declarações à RTL, admitiu "surpresa", já que na última semana a posição de Blatter "parecia sólida".
"Estou espantado, mas isto acaba por não ser mau, vai permitir recomeçar com boas bases e com verdadeiros candidatos", disse o dirigente, que não deixou de manifestar um eventual apoio à candidatura de Michel Platini, presidente da UEFA.
"Platini continua a ser o meu preferido, sempre o disse, será que está disponível para essa aventura? Não me posso colocar na pele de Platini, mas penso que sempre pensei que é o melhor candidato e que se a Europa avançar com um candidato só pode ser ele", disse ainda.
De França, as vozes ao mais alto nível apontam caminhos idênticos, com o ministro dos Desportos, Patrick Kanner, a falar de "uma decisão sensata" (a demissão), mas sem ir tão longe quanto Le Graet.
"A mudança de governação é bem-vinda e deverá traduzir-se por mais transparência, mais ética e evidentemente uma boa cooperação com a justiça", defendeu Kanner, em comunicado.
Ainda na Europa, não foi só Luís Figo o único candidato à presidência a congratular-se com a saída de Blatter - também o holandês Michael van Praag aplaude as notícias de hoje.
O presidente da federação holandesa de futebol (NVAB) retirou-se da corrida a poucos dias do início do congresso da FIFA, tal como Luís Figo, alegando também que o processo nada tinha de democrático.
"Queria mudar a FIFA e este pode ser um grande passo na direção correta. Vamos consegui-lo verdadeiramente", assumiu Van Praag.
Wolfsgang Niersbach, presidente da federação alemã (DFB), comenta que Blatter "devia ter saído mais cedo". "É uma tragédia que não nos tenha poupado a isto, e a ele também, demitindo-se mais cedo", disse ao Bild um dos mais ativos críticos da governação de Blatter.
De outra federação influente, a norte-americana, fala-se de "oportunidade excecional para uma mudança positiva".
"A demissão de Blatter é uma oportunidade excecional, e imediata, para uma mudança positiva no seio da FIFA", escreve Sunil Gulati, em comunicado. "É o primeiro passo na direção de uma reforma real e pertinente no seio da FIFA".
O suíço Joseph Blatter demitiu-se esta terça-feira da presidência da FIFA, na sequência do escândalo de corrupção que abala o organismo máximo do futebol, e anunciou a marcação de um congresso extraordinário para eleição de um sucessor.