Atleta condenado por violação de menina de 12 anos apupado nos Jogos Olímpicos

Steven Van der Velde foi condenado pela violação de uma menor
Luis TATO / AFP
Os adeptos presentes no torneio de voleibol de praia, este domingo, em Paris, vaiaram um jogador holandês, condenado por violação de uma menina de 12 anos, durante o primeiro jogo nos Jogos Olímpicos. Seleção do atleta para a competição foi considerada controversa.
Steven Van der Velde, atualmente com 29 anos, foi condenado em 2016 por violação de uma rapariga menor de idade e sentenciado a quatro anos de prisão, mas acabou por só cumprir 12 meses da pena. Neste domingo de manhã, entrou no court central com o colega de equipa Matthew Immers, sob aplausos e vivas, com muitos adeptos holandeses vestidos de laranja a aplaudirem de pé.
No entanto, quando foi apresentado individualmente através do altifalante, ouviu-se um coro de vaias da multidão. O jogador recebeu o apoio do Comité Olímpico Nacional do seu país e trocou um abraço caloroso com o seu colega de equipa, Immers, antes do início do jogo, mas a seleção de van der Velde causou indignação entre mulheres e grupos de segurança no desporto.
Como resposta à controvérsia, as autoridades desportivas colocaram o atleta separado dos seus companheiros de equipa, fora da aldeia olímpica, e proibiram-no de falar com os meios de comunicação social.
Ju'Riese Colon, directora executiva do Center for SafeSport (Centro para o Desporto Seguro), sediado nos EUA, afirmou estar “profundamente preocupada com o facto de alguém condenado por agressão sexual a um menor poder participar” nos Jogos Olímpicos. “Com equipas de todo o mundo reunidas em Paris, muitas das quais incluem atletas menores, isto envia uma mensagem perigosa de que as medalhas e o dinheiro significam mais do que a sua segurança”, afirmou.
Van der Velde cumpriu parte da sua pena na Grã-Bretanha e foi depois transferido para os Países Baixos, onde acabou por ser libertado e voltou a praticar voleibol em 2017. Mas a sua seleção para a equipa nacional nos Jogos de Paris colocou o desporto sob pressão.
“Há uma diferença significativa entre receber uma segunda oportunidade e ser selecionado para representar o seu país nos Jogos Olímpicos”, disse Sara Alaoui, fundadora do The Safe Space Club, uma ONG sediada nos Países Baixos.
“Há um grande contraste entre retomar o trabalho e tornar-se uma figura internacionalmente célebre cujas transgressões passadas são convenientemente esquecidas e minimizadas". Sara Alaoui disse à AFP que estava “profundamente desiludida” com a associação holandesa de voleibol pelo apoio ao jogador.
