Federações de várias modalidades portuguesas associaram-se ao projeto "Craques da Leitura" do Programa Nacional de Leitura. A ideia é proporcionar encontros entre jovens e atletas para promover o hábito de ler.
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Os últimos dados sobre os hábitos de leitura em jovens divulgados pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) não são nada "animadores". A declaração é avançada pela voz da subcomissária do PNL, Elsa Conde, que para contrariar as estatísticas, encontrou no desporto o principal adjuvante para marcar pontos e ganhar leitores em todo o país.
O projeto "Craques da Leitura" faz parte das ações de promoção para os hábitos de leitura do PNL e terá diversas atividades, desde conversas, encontros, oficinas de escrita e leitura com atletas de várias modalidades. "Há uma diminuição da prática da leitura, nomeadamente da literária, da leitura por prazer, daí que este projeto "Craques da Leitura" seja tão importante. É através de projetos que podemos incentivar crianças e jovens a ler", explicou a subcomissária.
As inscrições iniciam esta quarta-feira, data em que se assinala o Dia Olímpico. Crianças desde os seis aos 15 anos através das bibliotecas municipais, da escola, dos centros desportivos podem registar-se nas atividades propostas.
As federações de várias modalidades associaram-se à ideia. Marta Hurst, de 28 anos, capitã da seleção portuguesa de voleibol, está quase com um pé na Alemanha para representar o USC Munster. É na literatura que encontra a calma nos momentos de stress: "Ter um livro para parar, ler um capítulo mesmo antes de dormir, para relaxar a mente, é um momento bom".
A capitã elogia a iniciativa do PNL uma vez que "ler é uma forma de entrar em diversas culturas, em diversas mentes, como atletas é preciso esse espaço, sair da rotina", e acrescenta que "o desporto obriga a estar focado e a leitura, numa outra perspetiva também".
Por sua vez, o medalhado atleta de Taekwondo pelo SL Benfica, Rui Bragança, de 29 anos, está a contar os dias para participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio. É nos livros que divaga e deixa a imaginação fluir: "Com o livro temos a nossa imaginação a funcionar. Duas pessoas a ler o mesmo livro têm ideias das personagens diferentes e podemos buscar pormenores completamente diferentes e acho que é isso a parte maravilhosa de um livro". O atleta acredita nesta ação do PNL como forma de incentivo à leitura, "porque os miúdos acabam por olhar para os atletas como modelos". "Nós estudamos muito, nós lemos muito, temos de cultivar a mente para conseguirmos ser os melhores no desporto. Se eu ler e perceber um livro, vou ser melhor atleta, porque vou conseguir ler melhor o adversário em combate", termina.
Francisca Sampaio Maia, de 16 anos, do Acro Clube da Maia, tem no currículo quatro medalhas de prata e uma de bronze, só em campeonatos europeus. A ginasta acrobata defende que "as crianças leem cada vez menos, perdem o interesse, acabam por ver séries, televisão, e por ir à internet fazer resumos para a escola e perdem-se os livros", sustentando que "é muito importante" este tipo de iniciativas que "enaltecem o poder do livro".