O clube gaiense superou os problemas financeiros e, agora, luta para atacar a subida à Divisão d'Elite da A.F. Porto.
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Dar um passo atrás nem sempre significa regredir. E o futebol não é exceção. Que o diga o Avintes. Ligado às máquinas, devido a graves problemas financeiros, o clube gaiense viu-se obrigado a colocar um travão na ambição para melhor se estruturar e encarar o futuro com boa saúde. Esteve dois anos a recompor-se e, na época passada, voltou a reerguer-se. Recuperou um lugar na Divisão de Honra e, nesta temporada, começa a posicionar-se para atacar a subida à Divisão d"Elite. A liderança no campeonato, em igualdade pontual com o Ermesinde 1936, à décima jornada, é prova disso mesmo.
"O Avintes encontrava-se numa situação financeira altamente delicada, com 140 mil euros de passivo, estádio e carrinhas penhoradas. Estivemos dois anos a liquidar as contas, com a ajuda de cerca de 50 empresas e das pessoas da terra, que se mobilizaram para ajudar. Hoje, somos um clube estável e credível. Temos tudo documentado, contabilidade analítica e fazemos questão de mostrar o relatório e contas aos nossos patrocinadores para que saibam onde é canalizado o dinheiro investido", explica José Pedrosa, presidente do Avintes há quatro anos.
O bom ambiente que se vive em Avintes é por de mais evidente. E, segundo José Pedrosa, esse é um dos principais motivos do sucesso. "É uma surpresa a época que estamos a realizar, mas que demonstra que o trabalho é feito com qualidade. Não temos Ronaldos, mas somos uma equipa com grande qualidade humana. Além disso, a motivação é uma força poderosíssima e quem vê esta equipa facilmente vê que ela está motivada", faz notar, "orgulhoso", José Pedrosa. "Temos cerca de 60 pessoas a trabalhar gratuitamente e nenhum treinador recebe. Sem elas, era impossível criar este projeto sustentado. Não chega ter dinheiro e recursos, é preciso pessoas com capacidade e vontade. E isso o Avintes tem", destaca o dirigente, considerando que o clube "tem todas as condições para estabilizar na Divisão d"Elite".
Paulo Alexandre é rosto de sucesso
Após três subidas seguidas no Valadares, Paulo Alexandre aceitou o desafio do Avintes e colocou um ponto final em mais de um ano de inatividade. O treinador, 43 anos, destaca a "competência da equipa e dos dirigentes" e afasta a ideia de os gaienses serem candidatos ao título. "Formámos um bom grupo e estamos bem encaminhados para fazer os 36 pontos, que garantem o objetivo, a permanência. Só depois poderemos pensar em outras metas", explica o técnico, sem, porém, descartar a possibilidade de lutar pela subida. "Temos condições para vencer qualquer jogo e uma massa adepta que anda muito com a equipa. Só penso em ganhar", garante Paulo Alexandre, um dos rostos da boa época do Avintes. "Tenho competência para treinar mais acima, mas não me irei agarrar a ninguém para o conseguir. Penso sempre pela minha cabeça, mesmo que isso impeça de estar em divisões superiores", conclui.
A figura: Renato
A cumprir a 12.ª época no clube, a segunda seguida, Renato é um dos esteios do Avintes. O central, 30 anos, enaltece a "ambição de toda a estrutura" e considera que o emblema gaiense "já começa a ter condições" para competir num patamar superior. "É um clube estável, cumpridor e com argumentos para vencer qualquer adversário. Vai ser um campeonato equilibrado até ao final, com meia dúzia de equipas a lutar pelo primeiro lugar", perspetiva, "confiante", Renato.
Passe longo
Com 280 atletas em atividade e total apoio da freguesia, o Avintes voltou a ser um clube apetecível e que respira vitalidade por todos os poros. Dotado de infraestruturas capazes de albergar outros patamares, o emblema gaiense destaca-se pela organização e pelo rigor com que é gerido e a ambição que coloca em campo. Há cada vez mais motivos para sonhar.