Adepto dos "fogaceiros" desde que se conhece, coleciona camisolas do clube. Não vai ao Dragão devido aos "vira casacas". "Incomodam-me", diz
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Até no trabalho, Artur Jorge é reconhecido pela paixão ao futebol. Vai sempre vestido de azul, de castelo ao peito, e há colegas que apenas o conhecem por "feirense". Aos 51 anos, a história entrelaçasse com a do clube "fogaceiro", muito por culpa do tio, Américo, que lhe pegou o vício de "ir ver os jogos, em casa e fora", e abriu caminho a uma paixão eterna.
Ainda é do tempo de "ver jogadores a chegar ao campo vindos do trabalho", do tempo "de dizer que era da Vila da Feira". "Havia uma mística que perdemos", lamenta, mas que procura preservar com as mais de 70 camisolas que tem do clube, umas compradas, outras oferecidas. Mágoa só a de "nunca ter recebido uma camisola de um jogador em mão". Isso e os adeptos "vira casacas" nos jogos com os grandes, que o levaram a deixar de os ver no estádio. "Incomodam-me. Ou somos feirenses ou não somos".
Lá em casa, até a árvore de natal é azul e branca. Os filhos partilham com o pai a paixão pelo Feirense e pelo F. C. Porto, mas a prioridade de Artur é clara: "Sou aquele portista que antes quer uma vitória do Feirense do que mil do Porto". O jogo de amanhã vai vê-lo na companhia do sogro. "Já lhe disse que vou levar uma regueifa, um bocado de manteiga, leite com café e ficamos a ver o jogo", conta.
Dos duelos com o F. C. Porto que presenciou, há um que nunca esquecerá. "1 de maio de 1990, uma quarta-feira. Ficou cravado. Devíamos estar à volta de oito mil pessoas no estádio. O Feirense jogou de branco, nunca me esqueço". Jogava-se a meia-final da Taça de Portugal. "Na primeira parte do prolongamento, o Pinto, mesmo à minha beira, pára a bola com o pé esquerdo, manda-lhe um fogacho e o Vítor Baía... esteja calado, andei em cima de todos". Faltava pouco para se jogar. "Já andava na bancada a pedir uma carrinha para ir ao Jamor, mas o Porto, aos 124 minutos, marca o golo do empate. Aos 124 minutos... Havia gente do Porto, no meio da estrada, a rezar", recorda. Os portistas acabariam por vencer a segunda-mão, nas Antas, por 2-0.
E amanhã, no Dragão, como será?