Jogador coloca ponto final numa carreira com golos decisivos, os maiores troféus e uma história de sonho com a seleção.
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O último jogo da vida futebolística de Gareth Bale não podia ter sido mais simbólico. Foi pela seleção do País de Gales, a prioridade nunca escondida, e durou apenas 45 minutos, com o agora ex-jogador a ser substituído ao intervalo, devido a problemas físicos, uma constante nos últimos anos. Mas, diga-se, não faz jus à carreira imensa de um dos maiores jogadores do futebol britânico, que quebrou recordes, marcou em finais da Liga dos Campeões e conquistou os maiores títulos à disposição dos clubes. Mesmo assim, há quem pense que Bale podia (devia) ter sido muito mais do que foi, apontando-lhe lacunas imperdoáveis na era da produtividade, como a falta de compromisso e pouco profissionalismo. Em Madrid, então, foi um fartote de queixumes, que nem na despedida se calaram.
Antes de Bale, o trono de melhor jogador galês de todos os tempos balançava entre Ryan Giggs e Ian Rush; depois de Bale, as dúvidas desapareceram e ambos ficaram para trás. O miúdo que um professor de Educação Física quis tornar destro e que o Southampton descobriu em Cardiff chega ao fim como o mais internacional e o maior goleador da história da seleção galesa; para além disso, foi com ele que o País de Gales voltou a um Mundial, 65 anos depois da presença anterior. Bale até estava prometido a ser um lateral, promissor e muito competente, é certo, só que Harry Redknapp viu-lhe mais coisas, adiantou-o para zonas ofensivas e transformou-o num dos avançados mais temíveis do Mundo. Em 2012/13, brilha como nunca num Tottenham comandado por André Villas-Boas. Em 44 jogos, marca 26 golos, faz 11 assistências e convence o Real Madrid a fazer dele o primeiro futebolista a ser transferido por 100 milhões de euros, juntando-o a Benzema e Cristiano Ronaldo. Nascia a "BBC" e com ela uma das melhores equipas de sempre do clube.
Sim, o mesmo Bale que a maioria dos adeptos "blancos" desdenharam foi decisivo para o reerguer do clube. Logo na época de estreia, um dos 22 golos que marcou permitiu a conquista da "décima" Champions; e voltou a ser determinante na final de 2017/18, quando bisou na vitória sobre o Liverpool (3-1). Pelo Real Madrid, marcou 106 golos e conquistou 15 troféus, entre eles cinco Champions. Mas do que mais se lembram é das lesões, do espanhol insuficiente e das partidas de golfe a que agora se pode dedicar em exclusivo. Antes do ponto final, ainda foi aos Estados Unidos ajudar o Los Angeles FC a ser campeão pela primeira vez. Bale foi muita coisa, até uma espécie de Midas.