No rescaldo da final da Taça de Portugal, águia participa contra Matheus e Maxi, rejeita receber as quinas no próprio estádio e trava participação no dossiê de centralização dos direitos de TV.
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O Benfica mostrou-se arrasador, no rescaldo da final da Taça de Portugal, disparando em várias direções, a propósito da arbitragem e da atuação do VAR no jogo de anteontem com o Sporting, em que perdeu por 1-3, após prolongamento, deixando escapar o troféu em disputa.
Em comunicado, os encarnados deixam claro o desagrado, após o sucedido no Jamor, anunciando que vão participar disciplinarmente da equipa de arbitragem liderada por Luís Godinho e do VAR, chefiado por Tiago Martins. De igual modo, participarão de Matheus Reis e Maxi Araújo, jogadores do Sporting, devido a um lance com Andrea Belotti, já na compensação, que não mereceu intervenção nem do árbitro, nem do videoárbitro. As águias exigem a divulgação imediata dos áudios entre árbitro e VAR e decidiram fazer exposições à FIFA, à UEFA e ao IFAB, “em face da ilícita aplicação do protocolo VAR em Portugal, que colocou em causa a verdade desportiva".
O Benfica coloca-se, de momento, fora do processo de centralização dos direitos televisivos, suspendendo a participação nos grupos de trabalho para o efeito, isto enquanto vai solicitar ao Governo uma audiência com caráter de urgência, informando-o de que, neste momento, “não estão reunidas as condições para avançar com este processo".
As águias anunciam ainda que "enquanto a verdade desportiva não prevalecer nas competições nacionais”, estarão indisponíveis “para acolher jogos da seleção nacional” na Luz.
Logo no Jamor, a arbitragem e especialmente a atuação do VAR estiveram debaixo de forte contestação, com o Benfica a criticar a atuação de Luís Godinho e de Tiago Martins.
Já no período de compensação do tempo regulamentar, com o Benfica a vencer por 1-0, Matheus Reis pisou a cabeça de Belotti, mas nem o VAR, nem o árbitro perceberam que era lance para expulsão. Momentos depois, o Sporting empatou, forçando o prolongamento, acabando depois por encetar a reviravolta no tempo extra.
Sobretudo este lance colocou novamente debaixo de fogo o VAR e respetivas metodologias. Verifica-se que, oito anos após a implementação do videoárbitro em Portugal, a decisão não esvaziou o futebol de arbitragens polémicas. O tema ganhou outros contornos, bem visíveis neste final de temporada, com múltiplas queixas durante quase toda a Liga.
O melhor nesta função
Ao JN, Paulo Pereira, ex-árbitro de futebol, frisa que, no jogo do Jamor, “quem estava no VAR é o melhor português neste momento naquela função e com muitos jogos no estrangeiro”.
Para o antigo árbitro, o sucedido na final “não deve beliscar uma ferramenta muito importante” e reforça: “Às vezes, alguma precipitação dos árbitros, na ânsia de repor a bola em jogo, não dá tempo para o VAR interferir. Depois há o erro normal de perceção em determinados lances. O erro é marcado pelas omissões”.
Já José Leirós, outro antigo árbitro ouvido pelo JN, sugere a escolha de um coordenador responsável, como acontece em alguns países, em que são designados antigos árbitros para o VAR. “Em Itália, o coordenador foi despedido quando um árbitro cometeu um erro. Responsabiliza-se assim o VAR”, frisou.
Também Pedro Proença, presidente da Federação Portuguesa de Futebol e antigo árbitro, defendeu a criação de uma carreira especializada para a função de VAR, a colocar em prática já na próxima temporada. A ver vamos.