O Benfica venceu o Borisov e cumpriu o principal objectivo de se qualificar para a fase seguinte da Liga Europa no primeiro lugar do grupo. As águias não efectuaram uma grande exibição mas denotaram superioridade.
O conjunto esteve longe do nível exibido em Liverpool, desejo ambicionado por Jorge Jesus, e mostrou várias faces. Primeiro, pareceu deslumbrado com as facilidades e deixou que o oponente crescesse. Depois, elevou a intensidade da luta e mostrou alguns princípios e momentos de bom futebol - golos de inspiração colectiva concluídos por Saviola e Coentrão -, que concederam corpo e justiça ao triunfo. O técnico indiciara proteger os quem não fosse capaz de aguentar dois jogos consecutivos em apenas quatro dias. Aimar e Di María foram os alvos, numa lógica clara de favorecer o próximo embate da Liga. Felipe Meneses e Fábio Coentrão substituíram os companheiros num onze que também incluiu Júlio César e Miguel Vítor.
A facilidade com que inicialmente se sobrepôs ao oponente e, sobretudo, como conseguiu atingir a área contrária terá concedido a ideia errónea de que bastaria manter a atitude competitiva e a qualidade de processos num plano intermédio para ultrapassar o Borisov. Pensamento enganador e que explica as duas fases distintas no primeiro período.
Num primeiro momento, a formação instalou-se no meio campo oponente e privilegiou uma movimentação precisa, sempre suportada pelo envolvimento de três ou quatro elementos.
O flanco direito de Ramires e a zona central eram as áreas preferenciais. Na sequência da escolha, Óscar Cardozo falhou clamorosamente uma oportunidade aos 15 minutos. Já aí, o paraguaio exibiu uma amostra da tendência adoptada posteriormente pelo conjunto e preferiu adornar o lance - mais um drible -, quando o remate seria o mais indicado.
A aparente sobranceria e vontade de complicar das águias foi aproveitada pelos bielorrussos, que apostaram nas transições rápidas, sobretudo nas descidas de Pavlov, Krivets e Radionov.
De forma natural, cresceram no período pouco esclarecido dos encarnados e criaram inclusive a melhor oportunidade. Krivets enviou a bola à trave e só por milagre Bordachov não marcou.
Na etapa secundária, o Benfica recuperou o leque de princípios evidenciados na génese da discussão e adoptou uma atitude guerreira e mais lutadora, requerida pela ascensão do oponente.
A simplicidade nas movimentações e inspiração colectiva ressurgiram. A mudança permitiu o adiantamento no marcador, logo nos segundos iniciais. Coentrão e Felipe Menezes idealizaram uma combinação concluída por Saviola. Minutos depois, o argentino assistiu para o médio luso, que sentenciou o jogo.
Até final, as águias adaptaram-se ao ritmo do oponente que nunca desistiu e conseguiu marcar, num autogolo de Miguel Vítor. O Benfica ainda sofreu, essencialmente em lances de bola parada, mas deixou também a sensação de que poderia voltar a marcar.
