Bino Maçães, selecionador de sub-17, reagiu à conquista do título europeu do escalão. O técnico considera que os jogadores têm de jogar cada vez mais num degrau acima e ser desafiados para conseguirem evoluir. Quanto ao Mundial não há grandes aspirações: "Não, não quero alimentar nada".
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A seleção portuguesa aterrou esta terça-feira no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, trazendo na bagageira as medalhas e o título de campeões do Euro de sub-17.
Bino Maçães, o selecionador, avaliou a prestação e referiu que sempre teve uma "equipa muito homogénea". "Jogámos muito bem coletivamente. Defrontámos grandes seleções e só assim podíamos levar de vencidas estas grandes equipas e aspirar a ganhar", começou por dizer, antes de afirmar que a eliminação da Itália não abriu a ideia de que o título estava cada vez mais perto.
"Nunca sentimos isso até porque não é a nossa forma de pensar, mas acho que a Itália foi a equipa que nos criou mais problemas [risos]. Depois de passarmos esse jogo, já tínhamos um conhecimento mais profundo da França. Aliás, a França nesta trajetória não tinha perdido contra ninguém. Só perderam e empataram connosco. Por isso sabíamos que era um adversário muito forte. Mas conseguimos estrategicamente preparar bem as coisas e os miúdos estiveram fantásticos", considerou, antes de perspetivar a participação no Mundial em novembro.
"Não, não quero alimentar nada. Nós temos de dar um passo de cada vez. Sem grandes aspirações, vamos para desfrutar. Estes miúdos merecem por tudo o que fizeram. E desfrutando queremos ganhar, ser competitivos e dignificar a nossa bandeira e Portugal", atirou.
O selecionador avaliou, ainda, o início da caminhada no escalão de sub-16, no ano anterior, com alguns elementos que constituem a equipa: "Foi tão imperfeito no início que acabou tão bem no final. Este é um longo caminho. Os sub-16 considero como o escalão mais difícil de treinar porque estão a descobrir uma série de situações e querem se impor. Tivemos alguns problemas, como é normal numa família, porque nós somos uma família, mas fomos crescendo e chegamos ao ponto decisivo com uma maturidade excelente", afirmou, desejando que este seja um bom presságio para o plantel.
"Espero que tenham um futuro risonho. É verdade que conquistar o campeonato da Europa de sub-17 não lhes garante nada. Mas pelo menos garante às pessoas que temos qualidade, têm de estar atentas e que têm de nos continuar a fazer crescer. Fizemos a nossa parte e esperamos que os clubes façam a deles".
O reforço na aposta dos mais jovens
A importância dos jogadores serem constantemente desafiados, enfrentar problemas e subirem de escalão para aumentar o grau competitivo voltou a ser reforçada.
"Nós tínhamos metade da equipa a jogar nos sub-19 e a outra metade nos sub-17. E eu notei uma grande diferença nos que estavam nos sub-19 em relação aos que estavam nos sub-17. Para poderem alcançar grandes feito, a superação é fundamental no meio disto tudo, e eles só tendo uma concorrência muito forte, com jogadores mais velhos, é que os vai fazer superar e crescer. Se acreditamos tanto nas nossas gerações, e temos tão bom jogadores, temos de aproveitar e fazer com que isso aconteça com maior frequência. Até porque também me interessa que os possam estar mais acima e que os clubes tenham atenção a isso".
"Os jogadores chegam muito mais preparados, porque nesses campeonatos, principalmente nas fases finais, a recuperação tem de vir ao de cima, porque são mais novos dois anos que alguns dos outros. E isso faz os jogadores crescerem. As dificuldades que os jogadores mais velhos lhes vão criando fazem com que cresçam. Cada vez mais as formações estão melhor preparadas, porque os clubes também os trabalham de uma forma melhor. Isso só nos pode beneficiar a nós, aos clubes e aos próprios jogadores", completou.
Para terminar, Bino Maçães reforçou que "ninguém ganha nada sozinho". "Só funcionando como equipa é que vamos ser muito mais fortes. Em relação ao staff, eu não ganho nada sozinho. Houve muita gente a trabalhar para que este sucesso fosse alcançado. Por isso, parabéns para essas pessoas e parabéns para Portugal", concluiu.