Poucos adeptos em redor do recinto do Bessa, onde o sentimento é de tristeza. Inscrição na Liga 3 para resolver até sexta-feira.
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Já aconteceu quase tudo de mau ao carismático clube portuense, campeão nacional em 2000/01 e por estes dias declarado em situação de insolvência e a lutar em contrarrelógio para se inscrever na Liga 3 de futebol, após em maio ter descido ao segundo escalão português e de não ter sido capaz de cumprir os requisitos para se manter nas provas profissionais.
É raro o dia que não traga uma notícia desfavorável ao Boavista. É um acumular de situações negativas, que deixam os boavisteiros tristes e revoltados. A reportagem do JN constatou isso mesmo nos arredores do Bessa. Com o clube a funcionar dentro da normalidade possível e a tentar a missão de evitar a queda nos distritais, poucos adeptos surgem nas imediações do recinto e a maioria dos que por lá passam prefere não se pronunciar sobre a atualidade boavisteira, mesmo dando a entender ter muito para dizer e de evidenciar estar a lidar mal com os acontecimentos. Mas, no meio do caos, ainda se vislumbra aqui e ali uma derradeira esperança e se encontre quem diga que é cedo para dar como certa a descida aos distritais do Porto.
Entretanto, o clube foi anteontem declarado insolvente, cinco horas após ter sido concluído o leilão dos terrenos adjacentes ao Estádio do Bessa, adquiridos por 5,55 milhões de euros.
Perante dívidas antigas do emblema portuense para com entidades envolvidas na construção do recinto, inaugurado em dezembro de 2003, o Boavista havia visto ser reaberto o leilão, depois de não ter recebido ofertas mínimas entre março e maio de 2024, permitindo licitações em hasta pública até anteontem. Os terrenos englobam um parque de estacionamento público subterrâneo e vários equipamentos desportivos, totalizando 22,5 mil metros quadrados de área, com o comprador a herdar ainda um contrato de exploração de infraestrutura desportiva por 50 anos.
20 dias para reclamar
O Boavista tem, desde anteontem, 20 dias para reclamar os créditos da última licitação, cifrada nos 5,55 milhões de euros. O clube foi declarado insolvente, o que poderia ter travado a perda dos terrenos, caso a sentença tivesse sido proferida antes do final do leilão, avançando agora os axadrezados com um plano de recuperação.
Em comunicado, a direção do Boavista, liderada por Rui Garrido Pereira, garantiu que a utilização deste instrumento jurídico dará início a uma “nova fase de responsabilidade e abertura”, de modo a “alcançar a sustentabilidade”. O Boavista justificou ainda a solução pela necessidade de reorganizar a situação financeira, apontando que “o contexto desportivo e financeiro do clube é de conhecimento público”, e pediu aos associados “união” em torno do rumo traçado.
Por dentro
Marco atento
O Marco 09, melhor terceiro classificado do Campeonato de Portugal, poderá aproveitar a não inscrição do Boavista e ser repescado para jogar a Liga 3.
Processo no futsal
A FPF instaurou um processo disciplinar por atraso nos pagamentos à equipa sénior do Boavista de futsal, que atua na 2.ª Divisão. Os valores são de janeiro a maio deste ano.
Nove títulos
O Boavista tem nove troféus relevantes, tendo sido campeão nacional em 2000/01.