Bruno Lage: "O importante é uma entrada forte e amanhã fazermos um grande jogo"
O treinador do Benfica, Bruno Lage, considerou, esta quarta-feira, na antevisão da partida com o Tondela, amanha (19.15 horas), no estádio da Luz, que a paragem da Liga "não foi boa em nenhum aspeto".
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"A paragem nunca pode ser boa em nenhum aspeto, exceto essa da recuperação dos jogadores... Pessoalmente, pude ter a oportunidade, que vou recordar, de poder privar diariamente com o meu filho durante dois meses, muito diferente do que sucedia, com estágios de três em três dias, viagens, jogos. Esse é o único ponto positivo desta situação. De resto, em função do que aconteceu globalmente, de uma doença que em janeiro não iria afetar-nos, mas que depois isolou-nos a todos durante três meses, muitas pessoas a morrer, o país ao nosso lado sem conseguir controlar nada...", começou por referir o técnico das águias, anotando que a pausa forçada "foi maior do que é normal entre duas épocas".
Questionado se o Benfica beneficiou da suspensão da Liga em março, uma vez que vinha de três jogos sem vencer, Bruno Lage refutou essa ideia. "Acho que não. As séries acabam e a dado momento temos de dar uma resposta. Eu senti, depois de Setúbal e no último treino antes da paragem, que a equipa estava pronta e determinada a dar uma boa resposta. Imagine que aí tinha começado uma série de vitórias até final? No mês de fevereiro não fizemos um registo bom, por isso amanhã temos de reentrar fortes", anotou.
Já para os jovens que integraram o plantel principal, o período de paragem serviu para se poderem mostrar ao treinador. "Já não é de agora, mas Isto é um trabalho fantástico do Benfica ao longo dos anos, com passos seguros e incluindo jovens da formação que conseguem ser reforços da equipa principal. Agora são mais oito jogadores, todos eles têm feito um trabalho fantástico na equipa B e também nos sub-.23 e juniores. São o presente e o futuro", salientou Bruno Lage.
Frente ao Tondela, o técnico benfiquista considera essencial "começar bem e ter sequência, mas não apenas nos primeiros dois, três jogos". "Depois vem a fadiga acumulada, após tanto tempo de paragem, menos tempo de recuperação. Por isso, o quinto, sexto, sétimo jogos também são importantes. E há ainda as lesões, a possibilidade de perder jogadores por infecção", ressalvou, anotando que o adversário também trabalhou muito e que é "competente, podendo pode jogar tanto com uma linha de cinco ou em 4x3x3".
Novidade serão os jogos à porta fechada. "É uma situação nova jogar no Estádio da Luz sem adeptos. Um estádio tão bonito sem adeptos é quase como faltar a alma do que é o Benfica", referiu Bruno Lage, continuando: "O importante é uma entrada forte e amanhã fazermos um grande jogo de acordo com a nossa qualidade e potencia. Preparamos todos os cenários, até simular jogar no estádio da Luz, jogos-treinos, até com camisolas de jogo. Os adeptos não estão lá, mas vão estar a ver-nos".
E o treinador recordou uma conversa com um adepto das águias: "Vou contar esta história. Um destes dias cruzei-me com um adepto e trocámos duas ou três palavras. Estar a treinar uma equipa da grandeza do Benfica depois jogar sem uma massa adepta tão grande. Ir a jogos sem adeptos, não há como preparar-nos isso. O que ele me disse é a resposta a isto: 'nós não vamos estar lá fisicamente, mas vamos estar de coração. Boa ideia colocar cachecóis'".
A possibilidade de se fazerem cinco substituições também mereceu um comentário. "Concordo com as cinco. As equipas mais fortes têm mais recursos para colocar, mas os que não têm um plantel tão forte também podem refrescar a equipa e saírem beneficiados. Há pontos a favor e contra. Vi a série 'The English Game' e há cem anos nem havia substituições. Depois passou para três. E nos tempos modernos sinto que o jogador que fica de fora dos convocados sente o mesmo que os adeptos. O sentimento de quer jogar e não poder. Eu tendo mais gente no banco tenho a possibilidade de dar mais minutos a outros jogadores. Portanto, concordo com as cinco substituições com três paragens. Para ter mais gente a participar e ter a possibilidade de mexer mais na equipa", referiu Bruno Lage.
A renovação de contrato de Jorge Jesus com o Flamengo, após ter sido apontado ao Benfica, e o voto de confiança que receber de Luís Filipe Vieira, não fez com que o treinador benfiquista se sentisse mais seguro no cargo. "O que tem a ver o voto de confiança do presidente com a renovação de Jorge Jesus? Também diziam que o Jorge Jesus ia substituir o Rui Vitória e aconteceu? O que eu controlo e me deixa tranquilo é o reconhecimento das pessoas que trabalham comigo. Depois disso, quando deixar de ser eu o treinador, não é preocupação minha. Pode ser o Jorge Jesus ou outro qualquer", completou.