Bruno Maruta, coordenador do futebol de formação do Benfica explica ao JN os pilares do sucesso.
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O Benfica foi campeão nacional em todos os escalões da formação. O que significa para o futuro da equipa sénior?
Significa que o Benfica tem jovens jogadores com qualidade e mentalidade que continuarão a desenvolver-se para poderem estar preparados para integrar a equipa principal. Todos sabemos a exigência. Uns irão conseguir, outros não e seguirão outro caminho na carreira. Tem sido assim ao longo dos últimos anos. Felizmente existe acompanhamento por parte de toda a estrutura do futebol profissional do que é feito na formação.
Que tipo de condições tem o Seixal Campus que o permite distinguir dos demais?
O Benfica Campus tem todas as condições que os jovens jogadores necessitam para poderem evoluir em determinada idade e concretizar o objetivo de estarem preparados para o futebol profissional, no momento certo, e, se possível, na equipa principal do Benfica. Mas tão ou mais importante do que a infraestrutura do Benfica Campus são as pessoas, os profissionais qualificados que a estrutura da formação tem e que ajudam os jovens jogadores a evoluir todos os dias na área social, escolar e desportiva.
Qual é o método para selecionar os treinadores e a importância deles no projeto?
Representar um clube da dimensão e história do Benfica exige um conjunto de competências diferenciadas. Procuramos que a seleção de qualquer profissional seja altamente criteriosa. Como muitas vezes o nosso presidente nos diz, “representar o Benfica é ter capacidade de resposta para um nível de exigência muito alto, é ter um enorme sentido de responsabilidade e, naturalmente, é uma honra e um prazer muito grande em servir o clube”. Os treinadores são determinantes no sucesso que a formação do Benfica tem tido.
Como funciona a rede de recrutamento? Quantas escolas e parcerias têm pelo país?
O processo de recrutamento de jogadores é feito por um conjunto de pessoas altamente qualificadas e comprometidas com o clube e com o projeto de formação de jovens jogadores. O alinhamento entre a estrutura do departamento de prospeção e a da área técnica é fundamental. Felizmente, existe. As Benfica Escolas Futebol estão espalhadas por todo o país. São perto de 50 e certamente continuarão a crescer. Temos também alguns clubes parceiros, com quem, preferencialmente, cooperamos e procuramos criar sinergias positivas.
Quando recrutam um jogador, para além da técnica, a estrutura física também tem influência?
O futebol tem evoluído significativamente nos últimos anos. A exigência é cada vez maior, o jovem jogador necessita de ter um conjunto de competências alargadas. Tudo isto tem impacto na avaliação dos atletas que recrutamos. A estrutura física é um fator a ter em conta, mas penso que estamos longe de dizer que é a mais importante. O nível técnico, a inteligência e capacidade de entendimento do jogo, bem como a mentalidade são fatores muito importantes.
Além dos treinadores que tipo de acompanhamento têm mais os jogadores?
Os jovens jogadores do Benfica têm um conjunto variado de profissionais em diversas áreas nucleares para a preparação da alta competição. As áreas social e escolar são fundamentais. Sabemos que é difícil encontrar grandes jogadores que não sejam grandes homens. Naturalmente, as exigências de hoje justificam o investimento em áreas também importantes como a psicologia, a fisiologia e a nutrição.
Como funciona o organograma da formação e como é feita a relação entre os departamentos?
O projeto de formação de jovens jogadores do Benfica é direcionado e orientado para o desenvolvimento de cada jogador. Sabemos a importância de cada departamento para o sucesso do atleta. Também sabemos que a comunicação interna de todos os departamentos contribui para que cada jovem seja mais competente.
A prioridade é formar jogadores para a equipa sénior ou ganhar títulos na formação?
O que nos move é formar jovens jogadores para integrar a equipa A, continuarmos a ser uma referência mundial no futebol de formação. Muitas vezes, mais importante do que ganhar ou perder é o modo como o fazemos. Em todos os escalões as nossas equipas apresentaram uma média de idades baixa, face à competição. Existiu sempre a preocupação de colocar os jogadores no patamar competitivo ajustado ao seu nível atual de desenvolvimento. Por tudo isto, sentimos que os títulos são a consequência natural de um processo qualificado.