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Em junho de 1940, as tropas alemãs tomaram, à bruta, a cidade francesa de Lorient. Hoje, é lá, sobre os escombros da Segunda Guerra Mundial, que Cafú ergue os pilares de uma carreira no futebol internacional. "Lorient foi totalmente reconstruída depois da guerra. Já está recuperada, mas as marcas continuam muito presentes, apesar de ter perdido todos os traços medievais e celtas que caracterizam a Bretanha", refere o ex-jogador do V. Guimarães, em declarações ao JN.
O mesmo mar que há cerca de 70 anos foi tão massacrado pelo vaivém de navios carregados de arsenal bélico é, agora, a principal fonte de rendimento de uma cidade "pequena, mas movimentada", e inserida numa realidade onde a "educação e a pontualidade" logo espantam quem vem de longe. "São muito cumpridores do seu código de conduta, mesmo nas relações não profissionais, e são muito rígidos nos horários", adianta Cafú, reconhecendo que a língua foi um "obstáculo no primeiro mês".
O futebolista português ainda levou para a Bretanha "a mulher, o cão e os dois gatos": "Tenho sempre a casa cheia", exclama, entre risos. E bem precisa de companhia, se quer sobreviver a tanta tranquilidade. "Enquanto nós, portugueses, estamos habituados até a fazer compras depois de jantar, aqui nada disso acontece. Durante a noite, não existe grande movimentação, as zonas comerciais encerram por volta das 20 horas", completa Cafú.
Passe curto
Nome Carlos Miguel Ribeiro Dias (Cafú)
Clube FC Lorient
Idade 23 anos (26/02/1993)
Posição Médio
Sem gritos de guerra
Incentivos, abraços, palavras motivacionais, o grito de guerra. O ritual repete-se jogo após jogo, mas, ao contrário do que possa pensar-se, não é universal. Pelo menos, na plenitude. "A nossa equipa não tem grito de guerra. É uma prática diferente da que estava habituado e, por isso, estranhei", afirma Cafú.
Na rua com estrela canina
Andar acompanhado por um labrador com uns simpáticos 56 quilos desperta olhares mais indiscretos. Até em Paris e com um futebolista de topo ao lado. "As pessoas interpelavam-me, mas era para tirarem fotos com o cão. Ele tirou mais de 20 fotografias e a mim ninguém reconheceu. Fiquei com ciúmes", atira Cafú, entre risos.