Clube quer voltar ao campo antigo e propôs reabilitação de 60 milhões. Município diz que a proposta não cumpre requisitos.
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A divulgação pública de uma campanha do Sporting de Braga que reitera o desejo do clube em voltar a jogar no Estádio 1.º de Maio reabriu, na terça-feira, a discussão sobre o futuro do recinto desportivo, atualmente em estado de degradação. Os arsenalistas mostram um projeto de remodelação de 60 milhões de euros que entendem garantir "a preservação total do património". O presidente da Câmara, Ricardo Rio, revela que a proposta não tem luz verde da Direção-Geral do Património Cultural.
"O vídeo já tinha sido apresentado em dezembro do ano passado, em simultâneo com o projeto, e a situação mantém-se. Estamos disponíveis para falar com o Sporting de Braga no sentido de criarmos uma solução que possa viabilizar a utilização do estádio pelo clube, mas só cumprindo alguns requisitos", afirma o autarca ao JN, sublinhando que a proposta não respeita "a salvaguarda do edifício" nem "a manutenção de algumas utilizações públicas".
do Dragão ao tottenham
No projeto elaborado pelo mesmo gabinete de arquitetos que construiu o Estádio do Dragão, o clube propõe ficar responsável pela remodelação do Estádio 1.º de Maio, construindo ainda um espaço multiusos e um hotel, numa obra orçamentada entre 55 e 60 milhões de euros. Para o efeito, foi ainda contratada uma consultora inglesa, responsável pelo novo estádio do Tottenham.
Para preservar o edifício e a fachada, os arsenalistas comprometem-se a diminuir de 28 para 20 mil espectadores a lotação do equipamento. O Braga entende que para o modelo de negócio do clube é fundamental complementar o estádio com atividades que criem fluxo diário de pessoas. O clube admite que, com base no plano de negócios desenvolvido, o resultado operacional direto gerado pelo novo estádio deverá ultrapassar os 10 milhões de euros anuais. Atualmente, na pedreira, o valor é inferior a dois milhões/ano.
Mas os argumentos não convencem os poderes públicos. "Das informações que recolhemos junto da Direção-Geral do Património Cultural, este projeto nem sequer foi alvo de apreciação formal. Em contactos com responsáveis do Braga, foi-lhes dito que não seria viável", confidencia Ricardo Rio, adiantando que o documento apresentado "não é uma reabilitação do 1º de Maio, mas uma construção de um estádio no local onde hoje existe o 1º de Maio".
Fonte oficial do Braga disse ao JN que até hoje, a Câmara não comunicou ao clube o respetivo parecer sobre a viabilidade do projeto de requalificação.
E o estádio municipal?
Além das questões sobre o edificado, o Município diz que a migração dos jogos para o antigo recinto tem que ter em consideração o futuro do Estádio Municipal (Pedreira). Ricardo Rio fala de "um elefante branco" que precisa de ser vendido ou rentabilizado, por exemplo, através de uma concessão.
"O Estádio Municipal foi construído para conquistar prémios de arquitetura, não serve aos sócios e adeptos", frisou o presidente do clube, António Salvador, quando abordou o assunto publicamente, em abril, em época de eleições.
Ao JN, a Oposição lança críticas à atuação da Câmara.
De acordo com Ricardo Rio, se não houver uma proposta que cumpra os requisitos legais, o Município vai garantir a recuperação do equipamento, que é monumento de interesse público. A intervenção custará mais de dez milhões de euros.
Oposição
"O Sporting de Braga denota um interesse e preocupação em salvaguardar o património dos bracarenses, substituindo-se ao Município" - Artur Feio, vereador PS
"A solução deve acautelar a melhor rentabilização dos dois estádios e equipamentos adjacentes em favor da prática desportiva" - Bárbara Barros, vereadora CDU