Campeã olímpica e outros dois ex-nadadores acusam treinador de abusos físicos e sexuais
Claudia Poll, única campeã olímpica da história da Costa Rica, e outros dois ex-nadadores do país da América Central relataram, na segunda-feira, que sofreram abusos psicológicos, físicos e sexuais do técnico local Francisco Rivas.
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"Sofri todos os abusos [psicológicos] possíveis" de Rivas, disse Poll, medalhista de ouro nos 200 metros livre nos Jogos de Atlanta de 1996, enquanto a ex-integrante da equipa costarriquenha Marcela Cuesta alegou que foi vítima de abuso sexual pelo treinador quando era menor de idade.
Os ex-nadadores fizeram a denúncia no programa "Interferencia", de jornalismo de investigação da rádio da Universidade da Costa Rica.
Rivas "estava sempre a mexer nos meus pertences pessoais, roubou os meus telemóveis. Pagou para que gravassem as minhas conversas, vasculhava o meu lixo", disse Poll, que também conquistou duas medalhas de bronze nos Jogos de Sydney-2000. "Uma vez, tirou preservativos usados do meu lixo, fez uma fotocópia e mostrou-me. Exigiu que eu lhe dissesse a quem pertenciam", acrescentou a ex-atleta de 52 anos.
O treinador, que continua em atividade, negou as acusações. "No caso da Claudia, tudo me surpreende. Não é verdade, tenho que dizer categoricamente", disse à "Teletica". "Contundentemente, oficialmente e unicamente, tudo é falso. Nenhum dos aspetos mencionados corresponde à verdade", acrescentou Rivas, afirmando que foi sócio de Poll até 2022 do clube de natação H2O, "e isso distanciou-nos".
O técnico, hoje com 75 anos, é treinador há cinco décadas, e dirigiu seis equipas olímpicas. A Galería Costarricense del Deporte descreve-o como "o técnico de natação mais bem-sucedido da América Latina".
Marcela Cuesta, que abandonou as competições aos 16 anos, contou que "quando eu era muito jovem, tentou tocar-me [nas minhas partes íntimas] de uma forma ou de outra, e eu afastei-o imediatamente". "Ele nunca mais fez isso. Teve o cuidado de não fazer isso novamente", acrescentou a ex-atleta de 53 anos, vencedora de três medalhas pan-americanas nos Jogos de Indianápolis de 1987. "Lembro-me de quando Francisco me dizia: és brilhante, és maravilhosa, tens um talento incrível, mas Deus fez-te estúpida, és burra", acrescentou.
Cuesta indicou que há alguns meses denunciou o ocorrido à Federação Costarriquenha de Desportos Aquáticos, mas a organização respondeu que os incidentes estavam "prescritos".
O ex-nadador Manuel Rojas também alegou ter sofrido "abuso físico e psicológico" por parte do técnico. Em certa ocasião, o treinador decidiu fazer-lhe massagens, disse Rojas, embora a federação tivesse um fisioterapeuta. "Não foi uma massagem, foram pancadas. Senti o punho nas minhas pernas, os cotovelos nas minhas costas, mas não era algo tipo terapia, eram lesões", afirmou.
Mas Rivas refutou as acusações: Rojas "não só voltou a nadar comigo, como também trouxe duas das suas filhas, de 10 ou 11 anos, para nadar comigo". "Se, de alguma forma, em algum momento, o meu comportamento não foi correto, como voltou?", questionou o treinador.