Conquista do título nacional permite encaixe direto de 40 milhões, valoriza plantel e dá almofada aos cofres da SAD portista. "Merchandising" também agradece.
Corpo do artigo
"Este é dos títulos mais importantes do F. C. Porto". A frase é de Sérgio Conceição e, para além da evidente questão desportiva, não se sabe se o técnico se referia às finanças do clube, mas, se foi o caso, estava coberto de razão. A vitória no campeonato, além da felicidade intrínseca à conquista de um objetivo, representa uma lufada de ar fresco para os cofres da administração portista, que nos últimos tempos sofreu as contingências de ter estado na alçada do "fair-play" financeiro da UEFA.
Com o 29.º título no bolso, o F. C. Porto garante a entrada direta na Liga dos Campeões, o que, à cabeça, significa uma receita de 40 milhões de euros: 15,25 milhões pelo apuramento para a fase de grupos e, pelo menos, 25 milhões em função do "ranking" do clube portista nos últimos 10 anos.
Estes valores ainda não foram confirmados pela UEFA, uma vez que a presente edição da "Champions" ainda não está concluída e será disputada em agosto, em Lisboa, num regime diferente do habitual, devido à pandemia de covid-19, mas servem de referência para a nova temporada.
12428896
A esta cifra acrescentam-se os montantes relativos aos direitos de transmissão dos jogos, o chamado "market pool". Na última época, a UEFA distribuiu um total de 292 milhões de euros pelos 32 clubes, o que representa 9,1 milhões para cada sociedade.
A este bolo há a juntar a valorização dos jogadores, que, segundo dados apurados pelo JN, atinge os 47,5 milhões. Alex Telles e Corona são os mais bem cotados, em 30 milhões de euros, e jovens como Tomás Esteves, Diogo Leite, Romário Baró, Fábio Silva e, mais recentemente, Vitinha e Fábio Vieira estão todos avaliados acima dos 10 milhões. E ainda há João Mário, que também se estreou na Liga no jogo do título frente ao Sporting, ao ser lançado nos minutos finais.
Tendo em conta os últimos orçamentos anuais, que apontam para os 90 milhões, o F. C. Porto terá já o valor garantido para a próxima época, face às receitas da Champions League e potenciais transferências.
Segue-se ainda o "merchandising", que como explica o especialista Daniel Sá é potenciado nestas alturas de conquista. Numa análise ao relatório e contas de 2017/18, o último ano em que o F. C. Porto tinha sido campeão, houve um aumento de 22% de faturação em vendas de merchandising. De 5193 milhões em 2016/17 passou para 6349 milhões. A administração espera que o mesmo crescimento se registe agora no final de uma época atípica e onde ainda há uma Taça de Portugal para discutir com o rival Benfica.
12432553
Salários repostos
No período de confinamento, a administração acertou com os jogadores uma redução de 40% do salário nos meses de abril e maio, que, posteriormente, seria reposto caso a equipa conquistasse o campeonato. Com o objetivo cumprido, a administração irá cumprir o acordo mal receba o montante proveniente da Liga dos Campeões.