Um jogo que terminou antes do tempo, um guarda-redes improvisado com camisola remendada, e um hino trocado três vezes. Isto sem falar da mão cheia de golos caricatos. A Taça das Nações Africanas (CAN) ainda não terminou, mas as situações insólitas têm sido tantas que quase já dão para fazer um livro.
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Seria suposto que a maior prova de seleções do continente africano acarretasse um nível de profissionalismo equiparável com o estatuto da própria competição. Contudo, não é isso que tem acontecido na Taça das Nações Africanas (CAN) 2022. Desde um jogo que terminou antes do minuto 90 (acabou por não ter tempo de compensação), a um hino que foi tocado três vezes de forma errada, passando por um guarda-redes que na verdade não o é (a sua posição é a de defesa lateral), mas que teve de fazer o jogo todo com as luvas nas mãos. As situações têm-se multiplicado e, por isso, vamos fazer um apanhado para que se possa inteirar do que tem sido esta prova.
Jogo acaba antes do tempo... e por duas vezes
Sim, aconteceu mesmo. O jogo entre Tunísia e Mali, referente ao Grupo F da Taça das Nações Africanas (CAN), acabou rodeado de grande polémica. Tudo porque Janny Sikazwe, árbitro da Zâmbia, precipitou-se ao dar por concluído o jogo, em duas ocasiões.
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Primeiro, apitou para o final corria o minuto 86. Alertado para o erro, deu novamente seguimento ao encontro, mas a faltar alguns segundos para o minuto 90, voltou a dar por terminado o jogo. A situação provocou a revolta no staff da Tunísia.
No dia seguinte, ficou a saber-se que Janny Sikazwe teve mesmo de ir ao hospital, uma vez que sofreu uma insolação, o que o fez perder a concentração.
Hino trocado três vezes
Como se não fosse suficiente o que tinha acontecido no embate entre Tunísia e Mali, o dia 12 janeiro teve outro caso insólito para recordar mais tarde. Mesmo antes do arranque do embate entre Mauritânia e Gâmbia, e já com as equipas alinhadas em campo, a organização da prova errou por três vezes o hino da Mauritânia. O momento foi tão mau e gerou tanta vergonha, que a própria organização, comandada pela voz do "speaker" do estádio, decidiu não fazer mais nenhuma tentativa e pediu aos jogadores da Mauritânia para cantarem "a capella", ou seja, sem o som instrumental como fundo.
Guarda-redes improvisado e camisola remendada
De tudo o que possa ter acontecido de surpreendente, esta história, ocorrida na passada segunda-feira, no jogo entre Camarões e Ilhas Comores, é a que reúne mais fatores inesperados. Sem qualquer guarda-redes disponível - uma vez que só a poucas horas do apito inicial a organização decidiu impedir o guardião Ali Ahamada de jogar, mesmo depois de, alegadamente, já ter dado negativo num teste à covid-19 - Chaker Alhadur teve de assumir a missão forçada de defender as redes da sua equipa.
E se na baliza teve de improvisar, na indumentária não ficou atrás. Isto porque com a necessidade de utilizar uma camisola diferente dos colegas e sem tempo para fazerem uma com o nome dele, utilizou a do colega e apenas modificou o número. Claro está que este "apenas" acarreta consigo algo muito perto do cómico, uma vez que o número 3, que Chaker Alhadur costumava utilizar, foi manipulado, com vários pedaços de fita-cola azul.
As imagens falam por si
Tragédia fora do relvado
Entre os vários capítulos insólitos, onde muitos dão vontade de sorrir, há outros que deixam revolta por ainda acontecerem. O Governo dos Camarões informou, esta terça-feira, que há pelo menos oito mortos e 38 feridos resultantes da debandada de adeptos na entrada do estádio Olembe, em Yaoundé, que ocorreu precisamente na segunda-feira, antes do início do jogo entre Camarões e Ilhas Comores. Um número trágico que poderá aumentar, uma vez que através da emissora estatal camaronesa, a CRTV, o ministro da comunicação, René Emmanuel Sadi, informou que sete dos feridos encontram-se em estado grave.
Intoxicação alimentar antes do jogo
Ninguém sabe se foi da água, dos alimentos ou de outra situação qualquer. A realidade é que a seleção de Cabo Verde está a ser afetada por uma intoxicação alimentar, desde o passado domingo, que tem condicionado em grande escala a preparação para o jogo desta terça-feira, frente ao Senegal, a contar para os oitavos de final da CAN.
"No domingo, a delegação cabo-verdiana nos Camarões enfrentou, e ainda enfrenta, um surto de gastroenterite por intoxicação alimentar que afetou 18 pessoas, sendo 14 jogadores", informou a federação cabo-verdiana.
O médico da seleção, Humberto Évora, falou em "surto de 10-12 jogadores" com diferente tipo de gravidade, um problema que afetou igualmente a equipa da Gâmbia, que partilha o mesmo hotel.
Um golo que parece saído de um filme cómico
A seleção da Costa do Marfim preparava-se para vencer a Serra Leoa, mas já em tempos de descontos o guarda-redes marfinense Badra Ali Sangaré decidiu dar um bónus aos adversários.
Sangaré esticou-se para segurar a bola, que por acaso até ia na direção da linha de fundo, mas perdeu o domínio e acabou por deixar a bola livre para Steven Caulker, que assistiu Hadji Kamara, para fazer o empate.
Se não viu o melhor é mesmo ver.
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