Quando há 31 anos fez a sua estreia na Volta ao Algarve, como ciclista amador em representação da Seleção Nacional, Cândido Barbosa estava muito longe de imaginar que hoje seria o recordista da prova em várias classificações e que viria a desempenhar diversas funções na corrida.
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Começou por ser ciclista. Depois, em 2013 e 2014, foi o organizador. Nos últimos dois anos, montador de estruturas de partida e, este ano, chega ao topo da organização da Volta ao Algarve, por ser o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), entidade que organiza a prova desde 2015, dada as dificuldades financeiras que a Associação de Ciclismo do Algarve vivia na altura.
Ao longo dos 16 anos como profissional, Cândido Barbosa conseguiu 123 vitórias em etapas, clássicas e provas por etapas, tendo-lhe somente fugido os triunfos na Geral da Volta ao Alentejo e da Volta a Portugal. Na “Portuguesa”, em 2007, ano em que foi campeão nacional, e, quando era o principal candidato à vitória, o apelidado “Corredor do Povo” viu o triunfo fugir-lhe em favor do russo Vladmir Efimkin. “Sem sentir, roubaram-me a carteira com o dinheiro dentro”, disse numa metáfora por ter perdido a prova para um corredor até aí quase desconhecido.
Voltando à “Algarvia”, em 1994, aos 19 anos, o filho de um carpinteiro de uma vila do concelho de Paredes, dava as primeiras pedaladas junto dos profissionais e não imaginava vir a ser conhecido como o “Foguete da Rebordosa”.
Incluindo a primeira temporada em que correu como amador, juntando às 16 como profissional, Barbosa participou em 13 edições da “Algarvia”, venceu a prova em duas ocasiões, 1997 e 2002, sendo somente suplantado por Belmiro Silva e Remco Evenepoel, que triunfaram em três ocasiões. O corredor de Rebordosa é o recordista de pódios, já que, além dos dois primeiros lugares (1997 e 2002), foi segundo em três ocasiões (1994/95 e 99) e terceiro numa edição (2004).
No primeiro triunfo, e na única vez que a prova começou em Espanha, em Cartaya, na Província de Huelva, cometeu o feito inédito e até hoje sem igualdade, “deu-se ao luxo” de ganhar as seis etapas dessa edição, a que juntou a classificação por pontos, que viria a conquistar em mais quatro edições, sendo recordista de vitória da camisola verde.
Cândido Barbosa é também o “rei” de vitórias em etapas, uma vez que nas 50 edições da Volta ao Algarve, conseguiu 16 triunfos.
“É uma prova que diz muito por todos os motivos acima descritos. Na vitória de 2002 bati Alex Zulle e Goerge Hincapie, quando começaram a surgir os corredores de renome no Algarve. Satisfeito e orgulho por um recordista da prova. Espero que surjam outros corredores que possam bater essas marcas por mim estabelecidas”, justificou Cândido Barbosa.
Sobre as novas funções na “Algarvia", sustentou ter "mais à vontade por ter conhecido um pouco de tudo". "Dá-me uma maior bagagem para este seja um evento ainda maior e um dos melhores da Europa e do Mundo”, rematou.
Este ano, há 60 profissionais portugueses em equipas estrangeiras.
