Cândido Barbosa: "Quero implementar um projeto para a modernidade do ciclismo"
Foi um dos melhores ciclistas portugueses da sua geração e agora, aos 50 anos, quer aplicar toda a experiência acumulada ao longo da carreira na presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo. É um dos três candidatos às eleições de 29 de junho.
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Porque decidiu avançar com a candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo?
Estou grato à modalidade e confortável na minha vida profissional e pessoal. Tenho emprego, serviços e trabalho. Mas, o ciclismo deu-me tudo, incluindo o futuro. Tenho 50 anos, e aceitei este projeto porque há algum tempo vinha a ser desafiado por várias pessoas. No final do ano passado, fui incentivado a avançar por figuras importantes da modalidade. Aí, tomei as coisas mais a sério e comecei a debruçar-me sobre o assunto, falando com a minha família, vendo as soluções e arrumando gavetas da minha vida profissional. Amo e vivo o ciclismo de forma intensa. Tenho uma vida assente na modalidade e então, naturalmente, senti que estava na hora de começar a devolver o que o ciclismo me deu.
O que pretende implementar de diferente na modalidade?
Desde logo dizer, que isto não é uma sucessão, são eleições. Apesar de ter o apoio do atual presidente, não serei a continuidade de Delmino Pereira. Serei o Cândido Barbosa, com uma série de pessoas que me vão ajudar a implementar um projeto para a modernidade do ciclismo nacional. São pessoas que estão ligadas ao ciclismo e de uma forma bastante intensa. Têm conhecimento e experiência alargada, o que me dá confiança. São pessoas que me vão ajudar a ter ideias para essa renovação e modernização do ciclismo.
Em que se corporiza esse projeto renovado e abrangente?
Felizmente a minha vida está estabilizada e isso dá-me conforto para enfrentar também este desafio com mais força. Não vou para me servir do ciclismo, mas para servir o ciclismo. Estou disponível para retribuir o que aprendi em toda a minha carreira enquanto atleta, autarca e organizador. A modalidade cresceu imenso, há uma série de vertentes dentro do ciclismo. O meu projeto é abrangente, acolhe o desenvolvimento de todas essas vertentes da modalidade, desde o ciclismo de estrada ao BTT.
Como vê o facto de haver três candidaturas à presidência da Federação?
Em democracia é importante haver outras candidaturas. Ainda assim, fiquei um pouco triste pela forma que os outros candidatos conduziram, até agora, as suas campanhas, dizendo, talvez por eu ser o mais conhecido, mal do meu projeto e induzindo em erro a comunidade do ciclismo. Mas é algo que em política temos que estar preparados O meu trabalho tem sido feito muito de falar com as pessoas neste primeiro momento, e de explicar importância de termos uma Federação que pense ciclismo e que pense naquilo que é o passo importante da comunicação e da modernização da nossa modalidade para acompanharmos o ciclismo mundial. Até 29 de junho, quando são as eleições, vou falar com mais pessoas, apresentar a equipa que me vai acompanhar.
Qual é o pilar central da sua candidatura?
O pilar central será formação. Com uma preparação sólida, monitorizada e acompanhada o mais o mais perto possível dos jovens. Isto para que o ciclista cresça de uma forma saudável, objetiva e sem grande pressão, porque os miúdos têm que fazer o que gostam. Temos de criar incentivos para que eles realmente gostem da modalidade. É importante terem um acompanhamento psicológico, médico, de nutrição, e até postura corporal. Temos que começar de baixo, a partir dos 10 ou 12 anos para quando chegarem aos 20 já terem uma postura natural em cima da bicicleta. Toda esta base de dados e registos que vamos recolher ao longo do tempo, vai ajudar-nos a definir quem serão potenciais candidatos a irem aos campeonatos da Europa ou do Mundo.
Como pretende encarar o tema do doping que tantas vezes ensombra a modalidade?
A Federação não tem essa função de controlar a utilização de doping, mas ao implementar o projeto de acompanhamento multidisciplinar dos jovens, isso vai induzi-los a irem pelos caminhos certos. Esta modernização é necessária no ciclismo e acaba por ser uma ferramenta que vai combater o doping. Ainda assim, somos, provavelmente, a modalidade mais escrutinada em termos de análises na competição e fora dela. Temos passaportes biológicos muito completos e rigorosos, o que faz com que haja cada vez menos infratores e resultados mais justos.