Carlos Sá vai disputar, no domingo, a ultramaratona Caballo Blanco, em Urique, Chihuahua, no México, com "espírito solidário de apoio ao povo Tarahumara", enquanto recupera a forma após lesão contraída na Costa Rica.
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São 80 quilómetros em trilhos montanhosos entre os 500 e 1800 metros altitude. Mas isto é muito mais do que uma prova. Trata-se de homenagear e ajudar o povo Tarahumara, que esteve na essência da ultra corrida por natureza, e que vive momentos de dificuldades", explicou à Agência Lusa.
O português conta que este povo costumava usar os seus dotes de corredores de longa distancia para caçar, cansando as suas presas - em zona onde o calor se faz sentir - até as apanhar.
Agora, vivendo em zonas remotas e de difícil acesso e cercados de cartéis da droga, os Tarahumara vivem momentos difíceis, agravados por alterações climáticas que arruínam a sua agricultura: "Esta corrida solidária, criada por um americano branco ('cavalo branco/caballo blanco'), que há muitos anos decidiu viver com eles, como eles, visa minorá-los".
"Fiz a minha última competição há 15 dias na Costa Rica, de onde vim lesionado. Até hoje só corri duas vezes. Fiz um teste e já sem dor. Conto estar na linha de partida e concluir esses 80 quilómetros", vincou.
Na Costa Rica, Carlos Sá viveu situação caricata que o fez "correr mais de 30 quilómetros suplementares": "Estava desidratado e parei para beber. Retomei a prova e recuperava para o trio da frente, até que fui enganado pelas marcações da prova para o dia seguinte. Continuei, sem ver ninguém, e no fim percebi que me tinha enganado. Ainda assim, no cômputo das várias etapas, consegui o sexto lugar global".
Toda a preparação desta época visa o ultratrail do Monte Branco, 170 quilómetros em torno do maior maciço da Europa, prova que o barcelense gostava de vencer em agosto.
Certo é que não vai repetir o triunfo na Baywater: "Um estudo para aferir da segurança da estrada para as diferentes provas que lá se realizam cancelou todas as atividades deste ano. A organização promoveu um percurso alternativo, mas perdeu um pouco a mística. Voltarei para o ano se for reeditado o trajeto original. Para ganhar novamente ou melhorar o tempo".
Em dúvida está a sua participação no Campeonato do Mundo de 24 horas, que decorrerá no fim de junho na República Checa, uma vez que considera que terá pouco tempo para recuperar para o objetivo Monte Branco.