A velejadora portuguesa Carolina Borges disse, esta quarta-feira, que não participou na prova de RS:X (prancha à vela) dos Jogos Olímpicos Londres2012 devido à falta de apoios e por estar grávida, num dia em que as condições atmosféricas pioraram.
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"Eu acordei de manhã, vi que a previsão de vento estava forte, com ondas fortes, e escolhi por motivo médico, pessoal, responsável, não competir, por alguns motivos, como não ter apoio na água", referiu.
Na terça-feira, Carolina Borges enviou uma mensagem de correio eletrónico ao chefe da Missão, Mário Santos, a dizer que não iria competir por motivos pessoais e médicos.
"No windsurf, precisamos de ter um apoio na água, porque é um desporto perigoso, no qual não podemos levar comida e água entre regatas. Eu não tive esse apoio, nem dentro, nem fora da água. É um apoio que estava no contrato assinado por mim, pelo Comité Olímpico de Portugal e pela federação. Nesse contrato estava que dariam apoio financeiro, apoio ao atleta. Existem cláusulas fundamentais para o atleta. São essas cláusulas que não foram cumpridas e que prejudicaram a minha presença", afiançou.
A velejadora adiantou ainda que foi ao médico da Aldeia Olímpica, em Weymouth, antes de tomar essa decisão, garantindo que não recorreu aos clínicos da Missão lusa devido ao facto de estar apenas um fisioterapeuta onde decorrem as regatas de vela.
"Essa decisão que tomei, foi uma decisão pessoal, de saúde, de respeito e responsabilidade pelo facto de estar grávida e não ter um apoio para o caso de algo errado acontecer. Eu fiquei preocupada com certas condições climatéricas, numa prova em que não teria um apoio na água", referiu.
A atleta luso-brasileiro reforçou que "foi a previsão de tempo" que a fez tomar a decisão, garantindo que "se o tempo estivesse fraco" ela teria competido, porque "não existe um perigo tão grande de cair e nem tanta necessidade de um apoio".
"Não podemos arriscar assim a vida de outra pessoa. Eu estou grávida e não posso colocar em perigo uma pessoa. Não seria responsável estar lá sem apoio e poder magoar-me. Seria diferente se eu tivesse um apoio", admitiu.
Sobre o facto de não ter comunicado estar grávida, Carolina Borges disse que não era obrigada a fazê-lo e que não era por isso que deveria ter mais apoio.
"Eu não acredito que é preciso um atleta dizer que tem uma certa condição física e psicológica para ter um apoio. A regra tem de ser igual para todos. Porque é que todos os atletas da vela têm um treinador e a Carolina não tem? Nenhum atleta está a um nível assim tão superior à Carolina. Há atletas que se apuraram com resultados piores. Porque é que há diferença? Podia haver alguém que dividisse o técnico comigo ou eu ter algum apoio. Agora a Carolina não pode ser a única que não tem apoio, não recebe dinheiro, não recebe material", frisou à Lusa.
Carolina Borges lamentou ainda que o contrato que assinou com o COP e a federação de vela não tenha sido cumprido, considerando que "um atleta de nível olímpico devia ter um apoio, deveria ter uma pessoa a ajudar, para conseguir competir da melhor forma para ele e para o país que está a representar".
"O contrato não foi cumprido. Toda a minha carreira olímpica foi toda custeada por mim, nunca tive apoio da federação em termos de técnico, fisioterapeuta, equipamento. Nunca tive nenhum apoio. Cheguei aqui com o meu próprio esforço, com os meus próprios custos. Nunca recebi nada desse apoio. Estou realmente sozinha", acusou.
De acordo com a velejadora, a Federação disse que lhe ia dar um técnico para os Jogos, mas que acabou por lhe dar apenas "uma acreditação para um fisioterapeuta".