O guarda-redes espanhol do F. C. Porto, Iker Casillas, foi o convidado deste sábado do programa "F. C. Porto em casa", transmitido diariamente nas diversas plataformas de comunicação dos azuis e brancos.
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Adoro esta cidade. É uma cidade que me encanta
Casillas começou a conversa com uma declaração de amor à Invicta. "Adoro esta cidade. É uma cidade que me encanta. Dá-me uma tranquilidade importante para mim, sair à rua e poder caminhar com as pessoas era algo que precisava. Dão-me o seu carinho desde o primeiro dia, as expectativas eram grandes, mas só tenho palavras de agradecimento para a cidade do Porto e para o País em geral. Sobretudo ao Porto porque é onde tenho vivido estes últimos cinco anos", afirmou o guarda-redes.
É difícil encontrar a uma pessoa que saiba mais do que eu sobre jogos
Em Pinto da Costa encontrou um "rival" à altura no que a conhecimentos de partidas de futebol concerne. "O nosso presidente tem uma memória para futebol espetacular, lembra-se de quase todos os jogos. É difícil encontrar a uma pessoa que saiba mais do que eu sobre jogos, mas o presidente é espetacular. Lembro quando cheguei ele me falar de equipas espanholas e de algumas transferências como do Atlético de Madrid com o Paulo Futre, do Real Madrid com Danilo, Secretário ou Pepe. Viveu tantas experiências, que tem para escrever 20 livros".
O jogador, que está longe dos relvados desde 1 de maio do ano passado, quando sofreu um enfarte do miocárdio, abordou também os efeitos da pandemia na Europa.
"Para mim é difícil porque em Espanha a coisa está bastante difícil, em Itália também e agora no Reino Unido. Têm sido os países mais afetados por este tsunami. O foco esteve em Madrid, que é de onde sou, e parece que se pode baixar um bocadinho mais o número de pessoas infetadas", lamentou o guarda-redes.
"Portugal foi completamente diferente de Espanha, recomendam-te não sair de casa, mas podes ir caminhar na rua, com prudência, com precaução, então é muito diferente de como se está a viver em Espanha. Aqui em casa... paciência... é caminhar quando o dia está lindo como hoje e pouco mais", salientou.
E como tem passado o tempo Iker Casillas em período de isolamento social? "Vejo séries, sei que aqui é muito importante a 'Casa de Papel', em Espanha também. Estou a ver séries antigas como 'House of Cards', que ainda não tinha visto e gosto, a ver filmes, a ler e a desfrutar da família. Como estás tanto tempo em casa é difícil ter um pouco de tranquilidade", contou o jogador do F. C. Porto.
O ex-internacional espanhol também aproveita as redes sociais para se divertir um pouco, conversando, em direto, com ex-colegas de equipa, como o brasileiro Ronaldo, o compatriota Marc Bartra ou o português Gonçalo Paciência, com o qual celebrou a conquista do título em 2018.
" O Gonçalo é portista pró, é incrível. Recordamos a experiência vivida há duas épocas e foi maravilhosa, tive a sorte de cumprir um sonho que era ir aos Aliados e não só a passeio de bicicleta, mas também com toda a gente a celebrar o campeonato. E oxalá possamos repetir isso brevemente, seria sinal de que tudo está bem outra vez e que as pessoas voltam a sair à rua".
Na conversa também entrou o antigo guarda-redes do F. C. Porto e Barcelona, Vítor Baía, para quem Casillas só teve elogios. "Craque e lenda". "Este 'tio' é o maior que há", atirou o espanhol.
Vítor Baía? "Craque e lenda"
"O Vítor e eu temos uma relação especial. Podemos estar um ou dois meses sem nos falarmos e depois mandamos umas mensagens e é sempre fenomenal", frisou o espanhol, contando como nasceu a admiração pelo português.
"O Vítor quando chegou à Liga espanhola, neste caso com o Barcelona, era inimigo do [Real] Madrid, mas para mim era um prazer poder vê-lo. Estava encantado porque gostava muito como era a sua forma de ser guarda-redes, da vestimenta, de tudo. Aliás, comecei a usar um calção cumprido por baixo dos calções porque comecei a ver que ele os usavas e ficava perfeito. É que além de bom guarda-redes era um tipo bonito", brincou Casillas.
Os campeões são pessoas simples e com grande humildade
"O Iker é uma figura incontornável, é uma marca fortíssima, é um grande campeão, é alguém que admiramos desde há muito tempo, várias vezes o melhor guarda-redes do Mundo. Ganhou tudo o que tinha a ganhar pelo Real Madrid e pela seleção espanhola. Tivemos a felicidade de o ter cá, o que foi muito importante para nós enquanto clube, pela sua imagem e o F. C. Porto e o Porto cidade estão-lhe muito gratos pela forma como ele divulgou o clube e a cidade maravilhosa que temos", retribuiu Vítor Baía, continuando: "Os campeões são pessoas simples, normais, e pessoas com grande humildade, pois só assim é que se consegue alguma coisa. E o Iker é isto tudo".
Voltar aos treinos e voltar a jogar? Não, tenho de ser realista
O regresso aos relvados foi outro dos temas de conversa. "Voltar aos treinos e voltar a jogar? Não, tenho de ser realista. Importante é a saúde e recuperar. Quando tive o enfarte, há um ano, estive praticamente um mês com medo de fazer coisas, de andar, dormir na cama, fazer qualquer exercício. Agora não, encontro-me forte e melhor do que antes, mas também tenho uma medicação, que me faz poder estar bem. O médico é que sabe se eu a tomo ou não daqui para a frente", frisou o guarda-redes.
Quando tive o enfarte, há um ano, estive praticamente um mês com medo de fazer coisas,
No planos futuros de Iker Casillas estão as eleições para a presidência da Real Federação Espanhola de Futebol, sem data marcada devido à pandemia. "Continuar no F. C. Porto ou mesmo na cidade? Não sei. Já informei o clube que quero candidatar-me à Federação espanhola. Mas o mais importante, agora, é a saúde. Depois de sabermos todas as consequências deste vírus, vou tomar uma decisão. Mas vai ser difícil sair daqui, oxalá ainda falte muito tempo", referiu
A mudança para os dragões, após uma vida ao serviço do Real Madrid, também foi recordada. "O meu sonho sempre foi começar a carreira no Real e terminar lá. Mas passaram-se uma série de situações e decido ir embora e o F. C. Porto estava lá. Saber que era um clube que tinha sido campeão europeu que tinha ganho, pouco antes, a Liga Europa pareceu-me uma boa ideia. Mas, foi uma adaptação difícil. Para quem está no mesmo sítio muito tempo, em Madrid e em Espanha, mudar é complicado. Também tive de me adaptar aos estádios, que são mais pequenos em Portugal", justificou Casillas.