Kayak polo tem cerca de 150 praticantes em Portugal. Europeu em Coimbra é esperança da Federação para atrair mais entusiastas
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Há vários anos que os portugueses se interessam pelas canoas, mas ainda estão um pouco alheios a estas quando se junta uma bola e balizas. O kayak polo tem pouco mais de uma centena de praticantes em Portugal, mas o Europeu da modalidade, que se joga em Coimbra até amanhã, poderá despertar maior interesse.
"Tem tudo para ser uma modalidade que atraia muita gente. Pela espetacularidade, porque tem bola. Este Europeu pode ser um ponto de partida para o crescimento". A opinião é do selecionador nacional de kayak polo, João Ribeiro. O capitão da seleção sénior, Vítor Assunção, tem uma visão semelhante: "Haver eventos desta estrutura cria impacto. Há uma estabilização das equipas e da modalidade, o que pode potenciar o crescimento".
Vítor Assunção, de 34 anos, joga kayak polo há 16. Atualmente no Clube Fluvial de Coimbra, já representou clubes em Lisboa e Paço de Arcos. "Já representei um clube que acabou com a prática. Atualmente está mais estabilizado", aponta. Na seleção, Vítor tem a companhia dos irmãos Pedro e Ricardo.
Expansão difícil
Vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, João Botelho revela que há regiões em que há maior incidência de kayak polo, como Lisboa, Setúbal ou Coimbra. No entanto, destaca as dificuldades em começar um novo clube, por limitações financeiras. "Começar um novo clube de canoagem implica três caiaques e os atletas partilham. No kayak polo tem de ser em múltiplos de 10. É um elemento dissuasor", defende. No entanto, afirma que o caminho da modalidade é aumentar o número de atletas, destacando que o kayak polo já se começa a afirmar no desporto escolar, bem como entre o sexo feminino.
Sem projeto olímpico
O kayak polo integra o grupo de modalidades dos World Games, considerados a antecâmara dos Jogos Olímpicos. O selecionador de Sub-21, Bruno Alves, considera haver condições para se tornar modalidade olímpica, mas entende que um dos obstáculos é ainda não ser praticada em muitos países.
João Botelho tem uma visão um pouco mais pessimista. "A curto prazo, acho que não vai ser viável o kayak polo ser modalidade olímpica", aponta, enumerando as razões: "Ainda há muitos países que não a praticam, sobretudo em África. Para além disso, as modalidades olímpicas mais recentes são individuais e nesta são precisos pelo menos 10 atletas por país". As assimetrias de género, que começam a ser combatidas no kayak polo, são, para o vice-presidente da Federação, outro obstáculo para que esta seja incluída no projeto olímpico.
Vinte minutos de um desporto muito físico
O kayak polo joga-se com cinco jogadores de cada lado, em duas partes de 10 minutos. As substituições são ilimitadas, tendo os encontros dois árbitros, situados um em cada lado do campo. O jogo é realizado num espaço de 35 metros de comprimento por 23 metros de largura. As balizas, situadas a dois metros acima da água, têm um metro de altura e 1,5 metros de largura.
É um desporto muito físico, em que pode haver contacto entre os jogadores com as mãos. Cada jogador só pode ter a bola na sua posse por um período máximo de cinco segundos.
Nove equipas em Portugal
Em Portugal, o Campeonato Nacional está dividido em dois escalões: seniores e sub-16. No escalão sénior, participaram, na última temporada, nove equipas. O Clube Fluvial de Coimbra é o campeão nacional em título, tendo-o revalidado, pela sexta vez consecutiva, em Arcos de Valdevez, a 14 de julho.
O clube conimbricense somou 70 pontos, mais oito do que o segundo classificado, o Clube de kayak polo da Barra.
No escalão de sub-16, o campeão nacional foi a Associação Náutica do Seixal. O clube terminou a competição com os mesmos pontos que o Clube Fluvial de Coimbra, mas viu confirmada conquista do título graças à diferença de golos.
Na última temporada, o Campeonato Nacional disputou-se em quatro fases: a primeira em março, em Vila Franca de Xira, a segunda em abril, em Setúbal, a terceira em junho, em Coimbra, e a quarta em julho, em Arcos de Valdevez.
Seleção de irmãos
A seleção portuguesa foi sétima classificada no Campeonato da Europa de 2017 e aspira à qualificação para o Mundial do próximo ano, que se realiza em Roma.
Aspeto curioso na equipas das quinas é o facto de existirem vários irmãos. Os Assunção, formados por Vítor, Ricardo e Pedro, que atuam no Clube Fluvial de Coimbra, e os Rolim, Tiago e Guilherme, que atuam no Clube de Kayak Polo da Barra.