Lilian Thuram foi campeão da Europa e do Mundo pela seleção francesa. Agora, dá aulas e luta contra o racismo e as desigualdades.
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Quando, corria no ano de 2008, ganhou respeito aos problemas cardíacos e pendurou as chuteiras, Lilian Thuram deixou um legado futebolístico ao alcance de poucos. Ganhou troféus em França, Itália e Espanha, foi campeão europeu e mundial de seleções, marcou na final de um Campeonato do Mundo e, ainda hoje, ostenta o simbólico de ser o jogador mais internacional pela seleção francesa. Agora, empenha-se num outro legado.
Escritor, professor, político, ativista. A vida deste nativo de Guadalupe - onde nasceu há 42 anos -, desde que deixou os palcos mediáticos da bola, constrói-se com vários papéis, mas resume-se em dois objetivos simples e claros: lutar contra as desigualdades sociais e combater o racismo. Vai daí, lançou-se na criação de uma fundação, sugestivamente chamada "Thuram", e desde então não tem parado de pregar o respetivo credo, não olhando a custos para atingir os fins.
Começou por escrever um livro - "As minhas estrelas negras" -, em que exulta ícones da luta contra o racismo e pela igualdade social como Malcolm X, Nelson Mandela ou Barack Obama, mas é no papel de professor que mais faz para combater os preconceitos. Sempre com as crianças e os adolescentes como público-alvo e ouvintes atentos, Thuram espalha a palavra por vários países, sendo que Espanha, França e Itália são aqueles que mais têm sido atingidos pelo bafo ativista do ex-internacional francês.
Ideólogo a tempo inteiro, o ex-jogador, que fez carreira em clubes como Juventus ou Barcelona, filosofa pelas salas de aulas sem exigir qualquer contrapartida financeira parecida a um salário, pelo que as escolas que queiram dar de beber da experiência de Lilian Thuram apenas são chamadas a contribuir para os custos relacionados com o alojamento e o transporte.
O ativismo e a dedicação de Thuram à luta contra o racismo não passam despercebidos nem há classe política e, em França, já houve quem o tentasse atrair para o cargo de ministro da diversidade. O convite do presidente da altura, Nicolás Sarkozi, até foi tentador, mas Thuram declinou a possibilidade, alegando não estar preparado para o cargo. É que tal como acontecia nos tempos de jogador, é a trabalhar na retaguarda onde ele está mais confortável.