Em meio ano, Marc Cardona passou da quarta divisão para os palcos da Liga dos Campeões, com as cores do clube do coração.
Corpo do artigo
Quando a realidade supera os melhores sonhos também podia ser um dos títulos para resumir o último meio ano da vida de Marc Cardona. Depois de, na época passada, ter ajudado o incógnito Atlético Sanluqueño a ser promovido no quarto escalão do futebol espanhol, este jovem catalão regressou à metrópole para se juntar à equipa B do Barcelona. E, no início do mês, estreou-se na Liga dos Campeões pelo clube do coração e ao lado do ídolo Lionel Messi.
Antes do final feliz, a viagem de ida e volta de Marc Cardona foi pouco dada ao sossego e à estabilidade. Levado pelos compromissos da mãe, deixou a cidade natal ainda antes de aprender a ler e a escrever. Atravessou a Espanha de uma ponta a outra, assentou-se em Sanlúcar de Barrameda, na Andaluzia, e aí começou a alimentar o desejo de se tornar futebolista.
Outra vez pela mão materna, voltou a trocar de ares três anos depois, embora dessa vez a viagem tenha sido bem mais curta. Ali ao lado, em Jerez de la Frontera, acabaria por se juntar ao Xerez CD, onde permaneceu até aos 16 anos, antes de se resignar às dificuldades de se impor no clube e encontrar refúgio num clube de bairro chamado San Benito e conforto nos amigos de infância que lá jogavam. Passaram mais dois anos e, quando tratava dos papéis para iniciar os estudos universitários, uma chamada do Atlético Sanluqueño trocou as voltas ao destino: Marc retornou a Sanlúcar e iniciou caminho de volta à base.
Saltou dos juniores para os seniores e logo começou a colecionar golos, graças à velocidade que, desde cedo, lhe valeu a alcunha de Marc Overmars, e a um faro raro para quem jogava nas profundezas do futebol espanhol. Na últimas temporada, marcou 19 golos em 26 jogos, impulsionou o Atlético Sanluqueño para o terceiro escalão e acordou do sonho de criança com o convite para rumar ao Barcelona B.
Marc Cardona, 21 anos, refez as malas - desta vez para regressar a casa - e, num ápice, apanhou-se no meio de todas as estrelas que se habituou a ver na televisão. Ainda mais tímido do que o normal, começou a treinar com a primeira equipa, convenceu Luis Enrique a chamá-lo para a última jornada da Liga dos Campeões e, na imensidão do Camp Nou, descobriu a força de um sonho num passe para Messi.