Antigo avançado brasileiro revelou que só com o tempo entendeu a dimensão da conquista de Sevilha. Da sua passagem pelo F. C. Porto diz que só tem a agradecer a oportunidade que lhe deram na vida.
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Clayton recuou no tempo para reviver as sensações da conquista da Taça UEFA pelo F. C. Porto sobre a qual se assinalam 20 anos e garantiu ao JN que só passados muitos anos é que se percebe a dimensão do feito. "Estava no banco naquele jogo, mas na verdade aquela final fica para a vida toda e por mais que esteja fora do futebol, nas reuniões com os meus amigos, aquela continua a ser a maior conquista da minha vida. Faz parte da minha carreira e da história do F. C. Porto... imagina fazer parte da minha vida, de um simples jogador, que contribuiu para aquele título", comentou o antigo avançado brasileiro dos azuis e brancos, que vive hoje numa fazenda no Norte do Brasil.
"É incrível que 20 anos depois ainda se fala da maior conquista da minha carreira. Talvez na altura não se desse tanta importância, mas depois de ter deixado o futebol percebo melhor as coisas. Ter jogado num clube daquela dimensão e essa conquista representa muito. Participei daquela geração e daquele grupo, mas só depois vi a beleza daquela conquista e a sua importância. Na verdade, é a cereja no topo do bolo para qualquer jogador", insistiu Clayton.
Para um jogador oriundo de uma região modesta do Brasil, ter alcançado o F. C. Porto e uma conquista internacional como a Taça UEFA acaba por ter um significado ainda maior. "Nasci numa cidade de pouco mais de 11 mil habitantes, no extremo Norte do Brasil, distante dos grandes centros, entre gente decente e honesta. Para muitos era impensável, imagina chegar onde cheguei. Por isso digo que só depois realizamos. Estava junto do meu sogro quando li a mensagem e recebi a chamada de Portugal e disse para ele, 20 anos depois ainda me querem ouvir falar sobre aquele título. Imagina a importância de ter passado pelo F. C. Porto", comentou.
Clayton tinha saído do Santa Clara para o F. C. Porto e, pelos vistos, acertou em cheio no passo dado na carreira. "Ainda me lembro que quando decidi sair do Santa Clara para o F. C. Porto acharam soberba, quando disse que queria ir jogar para um clube maior e conquistar títulos. Mas acabei conquistando sete pelo F. C. Porto. Isso marca a carreira de qualquer jogador. Até podia ter aproveitado e ganhar mais dinheiro aqui ou ali, mas não teria a importância que têm os títulos hoje. Marquei quatro golos e disputei duas Liga dos Campeões, chegamos a fases muito interessantes. Foi muito importante na minha vida", acrescentou ainda.
A passagem pelo F. C. Porto não pesou na vida de Clayton só pelo lado financeiro, mas também se revelou útil a vários níveis: "No F. C. Porto. Deram-me uma oportunidade enorme na vida, por isso torço pelo clube. Ali aprendi regras, instruções, errei, ensinaram-me, corrigiram-me, mas trataram-me sempre com carinho e profissionalismo. Não desmerecendo os outros clubes por onde passei, porque todos foram importantes na minha carreira, é notório que tenho essa obrigação de agradecer ao F. C. Porto por tudo aquilo que vivi. Ainda hoje levanto o meu cachecol em casa e vibro com as conquistas do clube".
O brasileiro também não se esqueceu do grupo com quem dividiu aqueles momentos e dos adeptos. "Tudo se consome muito rápido atualmente, mas em relação aquela taça UEFA, ao plantel, ao Mourinho e às pessoas que trabalhavam connosco, o que tenho a dizer é que vale a penar torcer pelo F. C. Porto. As pessoas procuram explicar as derrotas arrumando desculpas, até isso acho bonito, porque revela paixão pelo clube. Mas entendo as razões do povo do Norte ser mais destemido e aguerrido para defenderem um colosso como o F. C. Porto", rematou.