Mesmo que o jogo seja só daqui a mais de três meses, a final entre Benfica e F. C. Porto, a disputar no Estádio Nacional, a 24 de maio, já deixa antever um duelo escaldante, dentro e fora das quatro linhas.
Corpo do artigo
Além da habitual contestação quanto ao local, por o Jamor não ser um estádio moderno, o clima de guerrilha entre rivais faz prever um encontro de altíssimo risco, quanto à segurança. De resto, no dia a seguir ao apuramento do F. C. Porto, imitando o Benfica, que se havia qualificado na véspera, os dois clubes já começaram a contar espingardas. "A final do Estádio de Oeiras só acontece daqui a mais de três meses, mas a tanta distância já está ferida na verdade desportiva. O adversário do F. C. Porto será o Benfica, e não, como seria justo, o Famalicão", escreveu o F. C. Porto, no "Dragões Diário".
"Os encarnados, recorde-se, beneficiaram de vários erros graves de arbitragem para se qualificarem, ao ponto de um dos golos decisivos da eliminatória ter sido marcado por um jogador que antes deveria ter sido expulso (Gabriel)", lê-se ainda na newsletter.
O Benfica respondeu, criticando a arbitragem do F. C. Porto- Ac. Viseu, jogo que foi "uma infeliz oportunidade para recordar os anos 1980 e 1990" do futebol português. "Não acham que se começam a ultrapassar todos os limites? Só neste percurso na Taça, já não chegou o golo com que o Santa Clara foi eliminado nos oitavos de final?", questionam as águias.
Leonel Carvalho, tenente-general que foi responsável pela segurança no Euro 2004, acha que o clima de guerrilha entre clubes "aumenta os ódios, mas uma boa prevenção pode ajudar".
"O estádio é extremamente seguro", vinca, ao JN, Leonel Carvalho, que já orientou forças da GNR em quatro finais, nos anos de 1990, "sem grandes problemas".
"Este jogo exige um pouco mais de efetivos. O ponto mais sensível é na subida final à tribuna", frisa. A PSP, que trabalhará no interior do recinto, "conhece bem as claques", realça Leonel Carvalho, acreditando que a GNR, que controlará as ações no exterior "vai articular-se da melhor forma".
Posição que corrobora o que disse, na última final, Vítor Pataco, presidente do IPDJ, sobre o Estádio Nacional "um dos mais seguros" do país. "É um assunto recorrente, mas é um mito".
Europa
Nos países de topo só Espanha tem mudado de local
Entre os países europeus mais fortes, só em Espanha é que a final da Taça tem mudado de local. Esta época, e pelo segundo ano seguido, será em Sevilha, mas num estádio diferente, o La Cartuja, onde o F. C. Porto ganhou a Taça UEFA de 2003. Em 2019, a final foi no Benito Villamarín, sucedendo ao madrileno Wanda Metropolitano. Em França, o Stade de France, em Paris, é o palco habitual, a par dos Olímpicos de Roma (Itália) e de Berlim (Alemanha) e do londrino Wembley (Inglaterra).
Por dentro
Alternativas no Norte e no Sul
Mesmo excluindo os quatro estádios de Lisboa e Porto (distritos das equipas finalistas) que receberam jogos do Euro2004, há seis recintos modernos em Portugal que podiam receber a final: Guimarães, Braga, Aveiro, Coimbra, Leiria e Algarve.
Casos de menor carga emotiva
Em Espanha e França, as finais da Taça têm uma carga emotiva menor, dado que não são disputadas após o termo das ligas, o que pode conferir menor dramatismo aos jogos. No país vizinho, a decisão da "Copa del Rey" é a 18 de abril e a final da "Coupe de France" a 25 de abril.