Falta de condições e indefinição quanto ao teor do decreto gera preocupação. Público a fugir é sinónimo de descida de receitas.
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Os clubes amadores receiam o caos com o regresso em força dos testes, no âmbito da decisão de o país voltar ao estado de calamidade. Apesar de o decreto ainda não ter sido publicado em Diário da República, o receio é notório e há quem defenda que, face às dificuldades que se vaticinam, o melhor seria fazer um interregno. Em causa estará a possibilidade de o público ser testado, o que implica uma enorme logística para os emblemas não profissionais que terão de verificar as entradas.
"Ainda ninguém nos informou de nada, mas se for verdade o que consta, mais vale parar", desabafa, ao JN, Augusto Azevedo, presidente do Folgosa da Maia, clube que milita na Divisão de Elite, da Associação de Futebol do Porto.
"Só este ano já gastámos 1600 euros em testes. Voltar a fazê-lo, sem ajudas, será dramático. Não há condições para testar atletas e adeptos, arranjar quem faça verificações e ver quem pode jogar e está em condições para assistir aos jogos", frisa o dirigente maiato.
Mário Santos, presidente do Gens, outro clube do mesmo campeonato, mas do concelho de Gondomar, também tem uma visão pessimista. "Não temos recursos humanos, nem técnicos, capazes de fazer filtragens. Os atletas podem ou não estar disponíveis para treinar e jogar, mas, quanto ao público, no limite, poderá não haver, mas isso é a última condição que queremos", realça a respeito. "Sabemos que não podemos correr riscos e isto é para o bem comum, mas se no início da época houve alguma pujança, dificultar o acesso do público aos jogos vai baixar as assistências e será uma machadada nas contas, já de si difíceis, de muitos clubes", acrescenta o dirigente.
Nas modalidades, o sentimento é de expectativa. "É uma questão de saúde pública e há que respeitar. Temos os jovens todos vacinados e, nestas idades, o perigo é mínimo. Na semana passada tivemos um caso positivo, todos foram testados e não houve mais casos", conta, ao JN, Pedro Rêma, coordenador-geral do Gaia Andebol.
O dirigente reconhece que, em ano e meio, o clube perdeu muitos miúdos por causa da pandemia e de receios de contágio, concordando com testagem massiva. Mas admite que "será difícil" controlar a entrada de público nos pavilhões.
Já Leonel Salgueiro, diretor técnico nacional da Federação Portuguesa de Voleibol, diz que a modalidade "está atenta" à evolução da situação, mas só após a publicação do decreto-lei dará orientações aos clubes. "Teremos de cumprir o que for decretado", acentua.
Unanimidade na revogação do cartão do adepto Liga lança alertas
O projeto-lei que revoga o cartão do adepto foi aprovado por unanimidade em votação final na Assembleia da República, entrando em vigor a 1 de janeiro de 2022. O texto final do documento elaborado pela Iniciativa Liberal foi votado favoravelmente por todos os partidos, isto após ter sido aprovado na generalidade e na especialidade. O cartão foi, efetivamente, implementado nesta época, depois de a interdição de público nos recintos desportivos, devido à pandemia de covid- -19, ter adiado a aplicação da portaria, publicada em 26 de junho de 2020.
O futebol profissional, que também aguarda pela publicação do decreto-lei, lança, este fim de semana, em conjunto com a DGS, o Governo e o SNS, uma campanha de sensibilização para o cumprimento de medidas básicas de proteção à covid-19. "Este jogo ainda não acabou" é o mote da iniciativa.