A 1 de maio de 1994, faz na quarta-feira 30 anos, um acidente fatal fez dele herói para sempre. Viviane Senna explica, ao JN, como o irmão continua a ser inspirador.
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Pode-se afirmar que ele perdeu a vida, sim – ou que a vida o perdeu a ele –, mas dizer que Ayrton Senna morreu... É, aliás, possível que esteja mais vivo e mais presente do que nunca, mais inspirador do que alguma vez foi antes do fatídico acidente de Ímola. Aí, num inesquecível 1 de maio, mas de 1994, a Fórmula 1 perdeu adeptos para sempre, o desporto ficou privado de um dos maiores ídolos, o Brasil vestiu-se de um luto e de um silêncio tão profundos que neles couberam respeito, orgulho e veneração de proporções desmedidas. Mulheres e homens, mais jovens ou mais idosos, crianças e bebés acorreram ao velório, jogos de futebol foram parados. Chorou-se copiosamente em São Paulo, a terra Natal do campeão, mas também no Japão, em Itália, em Portugal. Quarta-feira faz 30 anos que Senna partiu, mas ninguém o esquece. Não o deixam morrer.
Para além dos carros e da velocidade, havia mais duas coisas que o inquietavam constantemente. O Brasil, que ora o orgulhava ora o preocupava, e as crianças, principalmente as desfavorecidas. “Se quisermos mudar alguma coisa, é pelas crianças que devemos começar”, disse mais do que uma vez. Senna não se conformava com o facto de ser dos poucos a ter oportunidades para se desenvolver, para concretizar sonhos. Não aceitava que fosse uma exceção. O Instituto Ayrton Senna tem origem nesse inconformismo, nessa culpa quase, e viu a luz ainda em 1994 com “a missão de mudar a vida das crianças e jovens brasileiros por meio da educação”, explica, ao JN, Viviane Senna, a irmã do herói canarinho. Criar algo do género começou a tornar-se evidente à medida que a carreira e a popularidade de Ayrton despontavam, mas pensar como a primeira conversa a sério sobre o assunto surgiu dois meses antes do acidente fatal é arrepiante. Qual premonição.