Foi sete vezes campeão nacional e há um ano e meio mudou-se para a Bélgica. Há 12 mil portugueses a praticar a modalidade.
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Em maio de 2018, Paulo Campos pediu uma licença sem vencimento da Polícia Judiciária de Coimbra para emigrar para a Bélgica. Motivo: coordenar uma equipa de columbofilia em Liedekerke, perto de Bruxelas. Após vencer sete campeonatos nacionais e quatro vice-campeonatos, Paulo Campos decidiu transformar o "hobby" em profissão. Um passatempo que, no nosso país, tem cerca de 12 mil praticantes e um efetivo de quatro milhões de pombos. Cerca de três centenas deles estão em competição, até domingo, no velódromo de Sangalhos, em Anadia.
"Em Portugal já nem me deixavam competir. Fiquei sem ter nada pelo que lutar no país", disse em tom de brincadeira Paulo Campos. Perante um convite de um clube belga, não hesitou. Mas ainda cria cerca de 200 pombos na sua casa, na Marmeleira, Coimbra. "Tenho 32 casais reprodutores e outros mais velhos". Mas a maioria nasceu em 2017 e 2018", conta. Paulo Campos, 54 anos, dedica-se à columbofilia há 37. "Comecei em 1983, a poucos meses de fazer 18 anos", lembra. Começou por criar pombos, passando, pouco depois, a dedicar-se à competição, na companhia do pai, Rui, atualmente com 80 anos. Em 2003, venceu o primeiro vice-campeonato e, em 2004, o campeonato nacional de curta distância. Seguiram-se mais três nessa categoria e outros três na longa distância. A nível internacional, foi vice-campeão olímpico (o equivalente ao campeonato do Mundo) em 2017. Após essas Olimpíadas, realizadas em Bruxelas, Paulo Campos recebeu o convite para ir para a Bélgica.
O criador explica a existência da modalidade com o conhecimento que os pombos têm do local onde vivem. "Soltamo-los quando são pequenos para voos curtos e eles acabam sempre por voltar. Só se perdem se se assustarem com alguma ave de rapina", descreve.
Até dois mil euros
Sobre a columbofilia e os pombos que cria, Paulo Campos aponta logo uma desmistificação: "Estes pombos não têm nada a ver com os da rua, a que chamam ratos com asas", afirma. Nesse ponto, esclarece que a alimentação destes pombos é diferente, com uma ração à base de soja, trigo, milho e ervilhas. "Até as penas e o tamanho são diferentes", destaca.
Completa ainda que, em Portugal, um pombo de competição (que normalmente voa entre o primeiro ano de vida e os cinco anos) pode ser vendido entre os 100 euros e os dois mil euros. Nada a ver, conta, com os valores praticados na Bélgica. "Chega a haver pombos a ser vendidos por 300 mil euros. É como no futebol, o melhor jogador do campeonato inglês é mais caro que o do campeonato cipriota", compara o "CR7" da columbofilia nacional.