Cristiano Ronaldo apenas está focado na seleção. Arábia Saudita quer ser a maior potência de futebol na zona asiática.
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Cristiano Ronaldo ainda não terá nada acordado com o Al-Nassr, apesar de a notícia do jornal "Marca" afirmar o contrário e garantir que o internacional português ia assinar por duas épocas e meia e à razão de 200 milhões de euros por ano. Ao final da tarde de segunda-feira, Piers Morgan, autor da entrevista a CR7 que ditou a rescisão de contrato com o Manchester United, veio desmentir o diário espanhol através das redes sociais, o que adensa as dúvidas.
Por entre informação e contrainformação, Fernando Santos garantiu na conferência de Imprensa que o assunto nem sequer foi tema no grupo de trabalho e insistiu que Ronaldo tem estado 100% concentrado na seleção e que só tinha visto a notícia na "Marca". Numa fase em que se entra em jogos a eliminar no Mundial, a oficialização do contrato com o Al-Nassr poderia tirar o foco da competição e prejudicar a seleção, pelo que, sabe o JN, o mais certo é que o assunto se desenvolva após o Mundial do Catar até porque o jogador, neste momento, apenas está focado na seleção.
Além disso, é credível que tratando-se da contratação de Cristiano Ronaldo, o Al-Nassr queira ser o primeiro a tirar partido do impacto da oficialização do contrato com o jogador e tratar o assunto com todos os cuidados.
A confirmar-se, Ronaldo iria cobrar 200 milhões de euros por época. Seria o jogador mais bem pago de sempre e ganharia 500 milhões por duas épocas e meia.
Dito isto, a verdade é que a contratação de Ronaldo pelo Al-Nassr é uma aposta que promete levar o emblema saudita a consumar uma estratégia que faça do clube o melhor da Arábia Saudita. "No início desta época, optaram por uma estratégia mais agressiva no mercado de transferências, contrataram o treinador Rudi Garcia, Luiz Gustavo, Ghislain Konan e David Ospina para formar um plantel que lhes permitisse voltar a ser campeões", explicou Frank Simon, chefe de Redação do site "www.2022mag.com" especializado em futebol africano. "Com Cristiano Ronaldo teriam dimensão para atacar a conquista da Champions Asiática e chegar ao Mundial de clubes com argumentos para ganhar", acrescentou.
Mas a contratação do CR7 daria uma dimensão maior às pretensões da Arábia Saudita, que aposta na organização da próxima edição do Campeonato Asiático das Nações e tornar-se na maior potência de futebol daquela zona do globo. "Já ultrapassaram a Japanese League e a Liga do Catar e com Ronaldo iriam conseguir vender os direitos da liga saudita pelo Mundo fora", sublinhou Frank Simon.
Pepa pode apadrinhar estreia de Cristiano Ronaldo
O contrato com o Al-Nassr ainda não estará rubricado, mas a verdade é que, a confirmar-se a mudança de Cristiano Ronaldo para a Liga Saudita, a estreia poderá ocorrer já no próximo dia 5, contra o Al-Tai, equipa treinada pelo português Pepa, que se arrisca assim a apadrinhar os primeiros passos do capitão da seleção das quinas no campeonato, logo a seguir ao Mundial do Catar.
Antes disso, haverá que resolver várias questões, algumas das quais prementes para o jogador, a começar por coisas tão simples como o número da camisola, ele que se habituou a usar o 7 - atualmente envergado pelo extremo Masharipov - e a fazer a ligação com a marca CR7, ou o 9, que vestiu no Real Madrid e que Aboubakar, ex-jogador do F. C. Porto, usa no ataque do Al-Nassr.
"A contratação de Cristiano Ronaldo pelo Al-Nassr é vista como as contratações de Neymar e Messi pelo Paris SG, é daqueles negócios em que todos iam ficar a ganhar. Iria mudar a face do futebol da Arábia a nível mundial e encaixar no "Visão 20/30", que pretende mudar o rosto do país daqui por uma década [no plano social, económico e desportivo]. Não vão gastar 500 milhões de euros por gastar, só por dizer que têm o poder de esmagar a concorrência, mas porque esse investimento se insere numa estratégia bem definida pelos dirigentes do país", sublinhou Frank Simon, especializado em futebol africano.
Ao cabo de oito jornadas do campeonato, o Al-Nassr segue em segundo lugar, a três pontos do Al-Shabab, mas tem conseguido resultados consistentes através de um futebol atrativo implementado pelo francês Rudi Garcia.