Marca CR7 em risco de cair para metade, diz especialista. Quanto mais demorado for o processo, pior para todos.
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Uma eventual condenação judicial no caso de violação de que é acusado pode valer a Cristiano Ronaldo uma "queda abrupta" de 60 milhões de euros no valor da sua marca. Quem o diz é Daniel Sá, presidente executivo do IPAM - Instituto Português de Administração de Marketing, que há oito anos "mede" a marca do futebolista.
"A marca subiu todos os anos e, em 2017, foi avaliada em 120 milhões de euros. Isto significa a capacidade de Ronaldo gerar receitas, provenientes dos seus contactos desportivos, patrocínios e associações a marcas nas redes sociais", explica o especialista em marketing desportivo ao JN.
O furacão mediático que apanhou CR7 na última semana pode ter um impacto devastador na carreira desportiva e proveitos financeiros do atleta da Juventus. O jogador, de 33 anos, é acusado por Kathryn Mayorga, que diz ter sido violada por Cristiano Ronaldo em 13 de junho de 2009, durante uma festa num hotel de Las Vegas, no estado norte-americano do Nevada.
A Polícia local anunciou na segunda-feira a reabertura da investigação, depois de Kathryn Mayorga, professora de 34 anos, ter apresentado queixa na semana passada num tribunal de Las Vegas (ver cronologia na página ao lado).
"É muito cedo e vamos ter de aguardar o que vai acontecer nas próximas semanas ou meses, mas no pior cenário, em caso de condenação judicial e de uma convicção mediática inabalável, a marca pode perder 60 milhões de euros, não tenho dúvidas", sublinha o presidente do IPAM.
Daniel Sá afirma que "quanto mais tempo o caso se arrastar, pior será para Ronaldo e para a marca", porque "o ruído destes dias", "as reações" e "as posições que começam a ser tomadas pelos patrocinadores" são um sinal de que está muito em causa.
O especialista acrescenta que "o trambolhão pode ser maior" pelo facto de o caso ter sido desencadeado pela revista alemã "Der Spiegel". "É uma revista de referência, não é o 'The Sun', logo o peso mediático é outro", sublinha ao JN.
As marcas que patrocinam CR7, diz Daniel Sá, "estão muito atentas ao que se está a passar, até porque não é bom para elas a associação a esta polémica". "As marcas que se associam a Ronaldo vão em busca de duas coisas: notoriedade e uma identificação com os valores do atleta: o profissionalismo, a superação, a dedicação, o esforço. Ora, num caso destes, esta dúvida pode ser tóxica", sustenta.
O especialista lembra o caso do golfista Tiger Woods, em tempos o maior desportista do Mundo e que, em 2009, se viu envolvido em polémicas de adultério, que levaram os patrocinadores a rasgar os seus contratos. "Apesar de tudo, estamos num patamar diferente. O adultério será moralmente condenável, mas não é crime", conclui.
Juventus perde cerca de 10% em Bolsa após acusações
Os títulos da Juventus caíram ontem quase 10% no fecho da Bolsa de Valores de Milão. Segundo a France Press, o título, que subiu desde a chegada do jogador a Turim, em julho, fechou a perder 9,92%, para 1,19 euros, com uma queda de 1,29%. Ainda assim, o clube apoia o jogador, que "está pronto" para o encontro de hoje com a Udinese.
Jogador tem contratos com 18 marcas internacionais
O futebolista está associado, a nível publicitário, a 18 marcas internacionais. Algumas delas não escondem a preocupação com o caso que o envolve e que deu entrada nos tribunais nos Estados Unidos. A Nike, por exemplo, chamou as acusações de Kathryn Mayorga de "inquietantes". Já o site da empresa de jogos de vídeo EA Sports retirou a imagem do madeirense da página principal do seu site, alegando estar "a monitorizar a situação". Eis todas as marcas a que Cristiano Ronaldo está ligado: Nike, Altice, MTG, American Tourister, Wey, Clear, Panzer Glass, ROC, VMS, Striker Force, Facebook Series, EA Sports, Panini, Herbalife, Abbott, Sleepscore, Egyptian Steel, Exness.