Croácia: 31 anos de existência, quatro milhões de habitantes e uma potência desportiva
Desde que ganhou a independência, em 1991, o país dos Balcãs chegou três vezes a meias-finais de Mundiais de futebol, disputou uma final e granjeou sucesso em muitas outras modalidades.
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A Croácia vai voltar a parar esta terça-feira à noite, a partir das 19 horas. O país, o patriotismo e a honra estão em causa, quando a seleção de futebol entrar em campo para defrontar a Argentina nas meias-finais do Mundial 2022, quatro anos depois de ter disputado a final do Campeonato do Mundo, em 2018. Antes disso, em 1998, foi terceira classificada no Mundial disputado em França. Nessa altura, era um país independente há apenas sete anos, nascido da dissolução da Jugoslávia.
Para além do futebol, a Croácia também tem campeões no ténis, no remo, no esqui, no dardo, no lançamento do disco ou no salto em altura; já foi campeã da Europa e do Mundo de andebol, tem uma medalha de prata olímpica em basquetebol e vários basquetebolistas a jogar na NBA. A Croácia também já venceu duas vezes a Taça Davis de ténis (2005 e 2018), também tem duas medalhas de ouro olímpicas em andebol (1996 e 2004), é bicampeã do Mundo de polo aquático (2007 e 2017). Blanka Vlasic, irmã de Nikola Vlasic, a representar a Croácia no Catar, é bicampeã do Mundo em salto em altura. É, basicamente, uma potência desportiva, apesar de ter menos de quatro milhões de habitantes.
"Está no nosso ADN. Podemos ter mais ou menos qualidade, mas desistir não é uma opção. O futebol é o desporto-rei, mas a disciplina é a mesma em todas. As ligas locais quase não têm nível e mesmo assim temos sido campeões de polo aquático e andebol, não temos neve mas temos o exemplo dos irmãos Kostelic (campeões de esqui). Imagine-se o que poderíamos fazer se tivéssemos os recursos que os outros têm", salientou o ex-futebolista Mate Bilic ao jornal "Marca".
Na Europa, há 29 países mais populosos, mas quase nenhum é capaz de ter tão bons resultados, em tantas modalidades, e de formar tantos atletas de topo. O futebol é a face mais visível dessa predisposição.
Atualmente, há Modric, Kovacic, Brozovic, Perisic, ou Gvardiol - para muitos a grande revelação do Mundial 2022 e o melhor defesa da competição. Antes deles, Davor Suker, Zvonimir Boban, Prosinecki, Jarni, Stimac, Niko Kovak, Dario Srna, Mario Mandzukic ou Ivan Rakitic. Praticamente todos são frutos das academias de clubes croatas, com o Dínamo Zagreb à cabeça, mas também o Hajduk Split, o Rijeka ou o Osijek. Um ambiente e contextos propícios à prática desportiva, a formação contínua dos treinadores e a aposta nos jovens são uma das razões por detrás de tanto sucesso, individual e coletivo.
Para Romeo Jozak, ex-diretor técnico da Federação Croata de Futebol, a genética, o trabalho e o patriotismo são outros fatores decisivos.
"O que une tudo é a paixão e o amor pelo desporto que está profundamente enraizado em cada croata, assim como o amor pelo nosso país que podemos expressar de forma mais visível quando competimos. Através de várias modalidades, podemos mostrar ao Mundo que existimos. Não precisamos de ensinar o hino às crianças, elas aprendem sozinhas", explicou em declarações ao site "Croatiaweek".