O jornalista Rui Miguel Tovar escreve sobre Mustang, jogador brilhou no Sporting, no F. C. Porto e que foi campeão da Europa pela seleção portuguesa em 2016.
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Ricardo Andrade Quaresma Bernardo chega a Alvalade em 1997 como iniciado e é campeão nacional de juvenis em 1999. Titular da seleção nacional sub-17, vai ao Europeu em Israel. E decide a final vs. República Checa, com dois golos a Petr Cech, o último deles de ouro. Estamos a 14 de Maio de 2000, o dia em que o Sporting é campeão 18 anos depois.
Em 2000-01, Quaresma sobe aos juniores e à equipa B. Em 2001-02, dá-se o maior salto de todos. Culpa de Bölöni. O romeno chama-o para o estágio em Rio Maior. Nos primeiros treinos brinca ao futebol com Pedro Barbosa. E depois com Rui Jorge. Os dois pesos-pesados caem com os dribles desconcertantes do extremo irreverente. E nos jogos? A estreia é com o Rio Maior. A lateral-direito, Quaresma dá espetáculo aos 49 m como autor do sensacional 4-0 num lance em que sai com a bola da defesa e ultrapassa três adversários antes do remate à entrada da área. Na festa de apresentação, em Alvalade, é Dimas que sofre com uma finta da marca Quaresma: o pé direito passa por cima da bola ao mesmo tempo que o esquerdo a toca para ultrapassar o defesa. Tudo é executado tão rápida e inesperadamente que o defesa fica pregado ao relvado.
O próprio Bölöni é vítima num treino. Escreve o romeno no seu bloco de notas. “Frente ao Standard, este jovem convenceu-me em absoluto. Após esse encontro, comparei-o, nas minhas anotações, com um Mustang [cavalo selvagem] difícil de dominar. Anotei esse comentário com um grande ponto de interrogação. Será ele capaz de aceitar regras para se tornar um bom cavalo de corrida ou nunca as vai aceitar e permanecerá para sempre um cavalo selvagem, que corre livremente, mas sem rumo?”
Sem rumo? Às vezes, sim. Uma das vezes que se reencontra é no Euro-2016. Suplente, comete a proeza de apurar Portugal em dois jogos seguidos, primeiro vs. Croácia (1-0 de cabeça, aos 119 minutos), depois vs. Polónia (penálti decisivo). Na final, substitui o azarado capitão Ronaldo e transforma-se no prolongamento com um pontapé de bicicleta e um mata-leão a Koscielny. Craque. Com rumo.