Médio internacional alemão Breitner.
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Cabeleira afro, estilo jingão, homem da revolução, muito liberal e cheio de pensamentos políticos pouco comuns para a época. Um dia, deixa-se fotografar ao lado de um poster de Mao Tsé-tung. No outro, veste uma t-shirt de Che Guevara. Quando lhe perguntam sobre o RFA-RDA do Mundial-74, aqui vai disto: “Quero desmistificar um mito: não houve qualquer tensão política associada ao muro de Berlim. Pelo menos, em campo. Não éramos irmãos. Para mim, a RDA era um país estrangeiro e jogar em Berlim era como se fosse em Kiev, Praga, Moscovo, Budapeste ou outra cidade do Leste. Além do mais, só me ensinaram a história do país até 1918. As pessoas evitavam falar da divisão, da RFA, da RDA, do muro.”
O estilo é assertivo, direto. Há quem goste. E há quem repudie. Como Wilhelm Neudecker, presidente conservador do Bayern. Como tal, Breitner é forçado a procurar clube em 1973. O plantel inteiro rebela-se contra o presidente e Breitner acaba por ficar mais um ano, o da primeira conquista da Taça dos Campeões (4-0 ao Atlético de Madrid). Um mês depois, Breitner marca o penálti do 1-1 vs Holanda, na final do Mundial-74.
Dois anos antes, a RFA dá uma lição de bola no Europeu 1972, na Bélgica. O bom do Breitner tem a lição na ponta da língua. “O nosso último jogo de preparação foi com a URSS e estava 0-0 ao intervalo. Na segunda parte, o [Gerd] Müller marcou quatro golos e convencemos por 4-1. Nem um mês se passou e voltámos a nos cruzar com eles. Foi jogo de sentido único, desconheço se o Maier fez alguma defesa. Voltámos a ganhar, agora por 3-0.”
Quando a RFA levanta a taça do Mundo em 1974 e junta a da Europa de 1972, é a primeira seleção a fazê-lo. E a única do século XX. Só a Espanha se atreve a imitá-la, em 2008 e 2010.