
Elias Figueroa, Defesa do Chile
Um raio de sol ilumina Porto Alegre. E a vida dos adeptos do Internacional. E a carreira do melhor jogador chileno do século XX. Elias Figueroa é o dono do pomposo título "golo iluminado", na final do Brasileirão em 1975, como autor do decisivo 1-0 vs Cruzeiro, de cabeça, numa altura em que o sol penetra por entre o amontoado de nuvens no Beira-Rio.
Atenção, Figueroa é tudo menos um herói acidental. É, antes, um herói a full-time. Três vezes seguidas o melhor jogador da América do Sul (1974, 75, 76) e duas vezes o MVP do Brasil (1972 e 1976), é campeão no Uruguai (Peñarol), no Brasil (Inter) e no Chile (Palestino). Na seleção, três mundiais.
E vitórias? Zero. Correto e afirmativo, zero. "Em 1966, era muito jovem. Em 1974, quiseram-me como capitão mas recusei porque jogava no estrangeiro e considerava uma falta de respeito para todos os chilenos que jogavam em casa. Mas atenção que em 1974 fui eleito para a equipa ideal do torneio, ao lado do Beckenbauer. Eu, que não ganhei nenhum jogo, ao lado do Kaiser. Que honra. Em 1982, aí sim, fui o capitão."
Capitão e avô. Correto e afirmativo, avô. Figueroa é avô no Mundial 82. "Casei-me aos 15 anos e a minha filha casou-se aos 18. Quando eu tinha 34, já era avô. Com 35, fui ao Mundial. E sofri problemas de coração e asma na infância. Os médicos diziam-me que não podia jogar futebol nem praticar desporto. Nasci em Valparaíso e os meus pais mudaram-se para Quilpué à procura de um clima melhor. De um dia para o outro, deixei de ter ataques de asma quando corria e, aos sete anos, comecei a jogar futebol. só que aos 11 tive poliomielite e passei um ano de cama. Recomecei a andar de muletas, com a ajuda dos meus irmãos, e aos 15 já estava a estrear-me na primeira divisão chilena." E aos 35 a jogar como avô em Espanha. Craque.
*Jornalista
