Carlos Lopes em Los Angeles-1984. Rosa Mota em Seul-88. Fernanda Ribeiro em Atlanta-96. Já todos ficámos acordados de madrugada para ouvir o hino português durante os Jogos Olímpicos, a competição mais global de todas. E também já deixámos de dormir para festejar o título mundial do F. C. Porto. Tóquio, 1987.
Corpo do artigo
O golo da consagração, um chapéu de aba larga, é de Madjer, já o autor da jogada do 1-0 de Gomes vs. Peñarol. E, já agora, responsável pelos dois golos na final da Taça dos Campeões desse ano de 1987, vs. Bayern. Um dos golos é sublime, o de calcanhar. Terá sido o lance mais bonito dessa final? Da história do F. C. Porto? Da Taça dos Campeões?
Para o argelino, não, não e não. Madjer faz 148 jogos pelo F. C. Porto e é um dos jogadores mais importantes da sua história. Pelo tal chapéu em Tóquio e também pelo calcanhar de Viena, que o próprio desvaloriza em detrimento de um outro menos famoso, e mais bonito. "Amigo", desabafa num português meio afrancesado, "o melhor golo de calcanhar não foi esse, embora seja o mais falado em todo o mundo, porque foi numa final e com o poderoso Bayern. Mas..."
Atenção a este mas. Merece respeito, admiração e até um visionamento no youtube. Estamos a 26 Agosto 1987. Primeira jornada do campeonato nacional 1987-88. "Mas", diz Madjer, "a seguir à Taça dos Campeões, ganhámos 7-1 ao Belenenses e marquei três golos, o último deles de calcanhar, mais bonito que o de Viena. Sabes porquê?" À pergunta, segue-se a resposta pronta. "Do cruzamento da direita do Jaime Magalhães, recebi a bola com o pé esquerdo, virei-me de costas para a baliza e dei com o calcanhar direito no coração da área. Foi um momento sublime, único. E nas Antas, a minha casa, o que confere mais importância ao feito." Quem remata (e fala) assim, não é gago.