A figura intimida. E de que maneira. Alto, magro, cabelo comprido, bigode farfalhudo. Meszaros é um guarda-redes com estilo próprio. E até hoje o único húngaro campeão português da 1.ª e 2.ª divisão (Sporting 1982, Vitória FC 1987) - pelo meio, ainda joga com Jorge Jesus no Farense.
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O seu currículo é enriquecido pelas intra-histórias, contadas pelo próprio e por outros. Como aquela ao intervalo de um Sporting vs. Boavista para a Taça de Portugal. "O nosso treinador era o Malcolm Allison. Gostava muito dele, deixava-me sempre fumar um cigarro ao intervalo. Como qualquer inglês, não era de falar muito. Quando se expressava, era para valer. Um dia, estávamos a perder 2-1, ele abre a porta e só nos diz isto: "Se quiserem ganhar, passem a bola ao Mário Jorge." Depois saiu e bateu com a porta. Ficámos todos a olhar uns para os outros. Na segunda parte, o Mário Jorge fez a jogada do 2-2 para o Manuel Fernandes e foi derrubado na área, no lance de que resultou o penálti do 3-2, marcado pelo Oliveira."
Outra boa é contada por Aparício, goleador do Vitória FC. "No dia da viagem para jogarmos com o F. C. Porto nas Antas, o Meszaros chegou atrasado. Quando subiu ao autocarro, o presidente Fernando Oliveira deu-lhe um raspanete e ele, de óculos escuros, disse-lhe 'vamos ganhar hoje'. E o Fernando Oliveira, irónico, 'vamos ganhar?' Aposto cem contos, desafiou o Meszaros. O Fernando apertou-lhe a mão. Nas Antas, um-zero." Golo de Aparício, lá está.
"O Meszaros fez duas ou três defesas de categoria. No balneário, o Fernando Oliveira dá os parabéns a toda a equipa. O Meszaros chega-se ao pé dele 'e os cem contos?'. Lá teve o Fernando Oliveira de dar ali uma volta e arranjar o dinheiro. À vinda, o Meszaros dá-me 20 contos." Então? 'Para o goleador de serviço'.
Jornalista