O Euro-88 é uma delícia. Último evento desportivo sem qualquer 0-0 nem cartões vermelhos. Ainda por cima, ganham os Países Baixos. No ataque, Gullit e Van Basten. Ambos do Milan. No meio, Rijkaard. Do Sporting. Errrrrr. Verdade, aparece Sporting no cromo de Rijkaard na coleção da Panini.
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Frank Rijkaard é capaz de ser o jogador mais importante da história do Sporting sem nunca o ter sido. O neerlandês é um sonho de Jorge Gonçalves, o presidente das unhas de leão. A mais assanhada de todas é Rijkaard, um miúdo de 24 anos com fome de bola e sem pachorra para os treinos de Cruijff no Ajax.
Vai daí, apanha um avião para Lisboa em fevereiro de 1986 e almoça um linguado enquanto conhece a realidade sportinguista. Em outubro de 1987, volta a Lisboa, vê um treino do Sporting e aperta a mão ao treinador Keith Burkinshaw. Finalmente, em fevereiro de 1988, já acompanhado pela mulher, assina por três anos e assiste a um 0-0 vs. Espinho para a Taça de Portugal.
Como a inscrição chega tarde demais à FPF, o Sporting empresta Rijkaard ao Saragoça até ao final da época 1987-88, altura em que o Sporting o vende por 115 mil contos ao Milan numa negociação fechada no Estoril. Mais tranquilo que nunca, Rijkaard vira campeão europeu pelos Países Baixos. Dois anos depois, e em menos de um mês, é o autor do golo solitário do Milan vs. Benfica na final da Taça dos Campeões, em Viena, e cospe três vezes nos cabelos à Serafim Saudade de Rudi Völler durante o clássico vs. Alemanha, em pleno Mundial-90.
O seu currículo ganha mais projeção ainda com dois golos no Euro-92, vs. Alemanha e Dinamarca, sem esquecer a conquista da Liga dos Campeões 1995, numa segunda vida pelo Ajax, com o qual joga no Estádio José Alvalade a 10 agosto de 1993, no dia da estreia de Paulo Sousa pelo Sporting.