Antigos jogadores do clube catalão regressaram para serem treinadores. Todos têm a mesma filosofia e uma base de inspiração neerlandesa.
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De pernas para o ar mas fiel à sua filosofia. O Barcelona não está na melhor fase da sua história, mas o regresso de Xavi para ser o treinador da equipa entusiasma os adeptos. O espanhol dá continuidade à linha de sucessão que tem sido habitual nos catalães, cujos técnicos, no passado, revolucionaram o futebol.
O começo - de Johan Cruyff a Guardiola
Há treinadores que marcam uma era e há outros que transformam o futebol, impulsionando-o para um patamar que nunca tinha atingido e imortalizando as suas ideias, que são estudadas, referenciadas e utilizadas atualmente. Johan Cruyff é provavelmente um dos grandes mestres da história do futebol, pela forma como revolucionou e pensava o jogo. Introduziu novas formas de jogar, táticas inovadoras e deu a conhecer um jogo que apaixonou o Mundo.
O Barça, na altura apelidado de Dream Team, jogava com três defesas, os laterais projetados, uma equipa de vertigem ofensiva mas que sofria muitos golos. Foi assim que ganhou a Taça dos Campeões Europeus em 1992 à custa de jogadores como Koeman, Guardiola, Laudrup e Stoichkov.
O neerlandês treinou Pep Guardiola, na altura um médio com uma inteligência acima da média, com um passe do mais refinado que se pode imaginar. Era ele que começava a construir e a pensar o jogo ofensivo da equipa catalã a partir da zona mais recuada do meio-campo. Mas a forma como o espanhol entendia o jogo e o interpretava, dava a sensação que poderia ter uma carreira de treinador pela frente. E assim foi.
A nova versão do Dream Team - de Guardiola a Xavi
Em 2008 o Barcelona perdeu duas das maiores figuras da equipa: Ronaldinho e Deco. Mas a jóia da coroa era (e sempre será) Lionel Messi. Os dribles eletrizantes e a comparação com Maradona deixaram os adeptos de água na boca. No entanto, com a saída de Rijkaard do comando técnico, o clube tomou uma decisão arriscada, mas que resultou na nova versão do dream team.
Entrou Pep Guardiola para o comando técnico, então treinador da formação e o Barcelona renasceu naquilo que foi a personificação do seu ADN: o "tiki-taka". O treinador catalão colocou a equipa a praticar um futebol praticamente indefensável, com elevadas percentagens de posse de bola, com desmarcações imprevisíveis e com o génio de Messi a comandar as tropas. Passes e mais passes, jogadas desenhadas a régua e esquadro.
Guardiola conquistou 15 títulos em quatro épocas no Barcelona, incluindo duas Ligas dos Campeões, com destaque para a equipa de 2010/11, que encantou os adeptos de futebol, independentemente do clube que apoiassem. Para além de Messi, Iniesta, Busquets, Villa, entre outros, um pequeno mago espalhava magia no meio campo dos catalães: Xavi Hernández, pequeno em tamanho mas com muito futebol dentro dele. Agora, está de regresso.
A comandar o sonho - de Xavi para o futuro
Xavi é treinador desde 2019 e agora, dois anos depois desta nova aventura, senta-se na cadeira mais quente do futebol atual. A situação do Barcelona é de uma instabilidade enorme, com problemas financeiros, desportivos e com falta de liderança a partir do banco de suplentes. Mas da mesma forma que fazia com brilhantismo os passes mais arriscados enquanto jogador, aceitou um dos desafios mais difíceis da atualidade.
"O mais importante, o mais bonito e o mais precioso no futebol é ter a bola, atacar e dominar o jogo com a bola". Esta frase de Xavi ao "The Coaches Voice" mostra que a ideia de Cruyff, que passou por Guardiola, foi agora desenvolvida na mente do antigo médio. Xavi tem uma tarefa difícil, mas uma das certezas é que a ideia que tem para o futebol assenta como uma luva no ADN Barcelona. Resta saber se a conseguirá aplicar.