Daniel Sousa foi despedido do comando técnico do Braga após a jornada inaugural da edição 2024/25 da Liga Portuguesa. Embora com naturezas diferentes, este não é um caso único no principal escalão do futebol português neste século.
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A primeira jornada da Liga foi recheada de história, mas, de todas, uma das que gerou maior atenção foi a "chicotada psicológica" no comando técnico do Braga. Os arsenalistas, na Pedreira, não foram além de um empate frente ao Estrela da Amadora, por 1-1, ditando a rescisão com o técnico Daniel Sousa.
Seja por decisão do clube ou até dos próprios técnicos, este não é um caso único de um fim de ciclo numa fase tão prematura da época. O JN recorda oito casos, neste século, com um destino similar. Seis deles foram na pré-época, os outros dois no jogo inaugural da Liga Portuguesa - o período escolhido para a análise.
Del Neri (F. C. Porto) e Ulisses Morais (Estoril)
Esta viagem inicia-se em 2004/05. Curiosamente, nesta edição verificaram-se dois incidentes. Del Neri, do F. C. Porto, abriu o caminho, após ter sido despedido ao fim de dois meses, no dia 8 de agosto, a escassos momentos do jogo da apresentação dos "azuis e brancos". Já Ulissses Morais largou o comando técnico do Estoril a seis dias do arranque do campeonato, mais precisamente no dia 23 de agosto.
Co Adriaanse (F. C. Porto)
Duas épocas depois, em 2006/07, foi a vez de Co Adriaanse largar o comando técnico do F. C. Porto no estágio de pré-época, no dia 9 de agosto. Em 2014, o técnico neerlandês assumiu este como um "grande erro". O lugar seria preenchido por Jesualdo Ferreira, que, curiosamente, assinara recentemente pelo Boavista.
Fernando Santos (Benfica)
Logo no ano seguinte, um dos grandes voltou a ter um rebuliço em pleno início de época. Na temporada 2007/08, Fernando Santos, que ia para a segunda temporada no Benfica, mostrou-se "surpreendido" por ser demitido ao fim de dois jogos. Depois da vitória sobre o Copenhaga (2-1), numa eliminatória da Liga dos Campeões, o fim do capítulo seria a estreia das "águias" na Liga Portuguesa. A 20 de agosto, o técnico português era demitido, dois dias após o empate a uma bola no terreno do Leixões, em Matosinhos.
Pepa (Vitória de Guimarães)
Durante uns longos anos não se verificaram casos deste género em Portugal. Um novo registo só teria lugar passado 15 anos. Na preparação para a temporada 2022/23, o Vitória de Guimarães decidiu colocar um ponto final na ligação com Pepa, encerrando um ciclo que durou uma época. A decisão foi tomada no dia 12 de julho, nove dias após o arranque oficial da época. Moreno foi o eleito para suceder na hierarquia.
Moreno (Vitória de Guimarães)
Uma história bem fresca na memória de todos foi a demissão de Moreno Teixeira do comando técnico do Vitória de Guimarães, na temporada passada, depois de "uma desilusão", como o próprio descreveu. Rebobinando a cassete, o técnico vimaranense seguia para a segunda temporada nos "conquistadores" e tinha como missão passar as eliminatórias da Liga Conferência - e aí está a origem para o desfecho devastador. Quando nada fazia prever, o Vitória de Guimarães, depois de um desempate por grandes penalidades, foi eliminado da competição pelo Celje, da Eslovénia. Na estreia no campeonato, a 13 de agosto, os comandados de Moreno Teixeira até venceram o Estrela da Amadora, na Reboleira, por 0-1, mas o desgosto da queda europeia foi demasiado.
Tozé Marreco (Gil Vicente)
Bem antes de Daniel Sousa, Tozé Marreco "bateu" a porta em Barcelos por não estar de acordo com a política de transferência do Gil Vicente. O técnico apresentou a demissão no dia oito deste mês, a dois do embate frente ao F. C. Porto, no Estádio do Dragão, num desafio que marcava a estreia de ambos os conjuntos na edição 2024/25 da Liga Portuguesa.