Andreia Santos sagrou-se campeã do Mundo em corta-mato (10 km) no Mundial de pista coberta, em Masters, na Polónia. A atleta portuguesa do Feirense conquistou também a medalha de ouro na prova de Cross (8 km) e a prata (3000 metros). Mas esta atleta não vive do atletismo, faz limpezas em "part time".
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Andreia Santos brilhou no Campeonato do Mundo Masters em pista coberta, ao garantir a segunda medalha de ouro da carreira em provas de corta-mato, nos 10 km, e a primeira no Cross (8 km). Apesar do sucesso desportivo, a atleta, de 37 anos, afirma que ainda não é possível viver exclusivamente do atletismo em Portugal, não recebendo qualquer apoio monetário da Federação: "Além de ser atleta no Feirense, faço limpezas para ajudar a minha vida pessoal. Tenho três filhos e não posso depender do dinheiro do atletismo e dos apoios do clube, da Federação não recebo nada. Todos os dias de manhã, arranjo os meus filhos, levo-os à escola, e treino quando há disponibilidade. À tarde, trabalho nas limpezas".
Começou a praticar atletismo quando tinha dez anos, a fazer corta-mato na escola, aventurou-se ainda no hóquei em patins, mas o facto de não haver equipa feminina, aliado às várias conquistas no atletismo, tornou fácil a decisão. Antes de se destacar na Polónia, já tinha conquistado uma medalha de ouro em 2022 na Finlândia, o que a fez partir para o último Mundial com o primeiro lugar em mente: "A prova já estava a ser preparada há muito tempo. Fizemos vários treinos específicos tendo em vista a melhor performance no Campeonato do Mundo, sendo o objetivo terminar em primeiro. Felizmente acabei por me sagrar campeã do mundo na prova dos 10 km."
A atleta que recentemente deixou o Águeda para se juntar ao Feirense garante estar "na melhor forma física de sempre", algo que considera ter sido fundamental para "o maior feito da carreira". Quanto ao Campeonato do Mundo, a atleta de 37 anos gostou da "aventura", que considera "inesquecível": "Quando cheguei à Polónia, fiquei deslumbrada com o ambiente, com a presença de atletas internacionais de renome, é um mundo à parte".
No próximo Campeonato do Mundo, a atleta portuguesa tem como objetivo "revalidar o título de campeã mundial" e "levar para casa mais uma medalha de ouro", tal como já tinha sido à partida para a edição deste ano: "Agora, o objetivo é sempre terminar as provas no primeiro lugar, já foi assim na Polónia, e será igual na Suécia".
"Muitas pessoas pensam que como podem pagar a inscrição, é mais fácil fazer uma boa prestação, mas não é assim, de todo. Da comitiva portuguesa que foi à Polónia, 48 atletas, apenas levámos para casa nove medalhas de ouro".
Em 2024, o Mundial de Atletismo Masters será em Gotemburgo, na Suécia, em data ainda por definir.