Histórico clube italiano vai disputar a terceira divisão pela primeira vez, na sequência de anos nefastos e de muitas crises sucessivas.
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Alberigo Evani e Attilio Lombardo estiveram no período dourado da Sampdoria, agora estão ligados ao momento mais trágico do clube genovês. Como jogadores fizeram parte das super-equipas que entre 1984 e 1994 conquistaram os sete grandes títulos que a “Samp” ostenta no currículo e, em parte, foi esse passado brilhante e vitorioso de ambos que os levou, há poucas semanas, a ser encarados como a solução para evitar o impensável. Desta vez como treinadores – Evani como principal – haviam de aproveitar essa aura e replicar esses tempos felizes, travando a queda inédita da histórica Sampdoria no terceiro escalão do calcio. Não conseguiram, apesar de apenas terem perdido um dos seis jogos que disputaram, e assim se mancham duas lendas.
Em 2025/26, o clube que em 1991 conquistou o “scudetto”, um ano depois de vencer a Taça das Taças e um ano antes de perder a Liga dos Campeões para o Barcelona, vai disputar a Serie C, mas isso, sendo realista, nem é o pior que podia ter acontecido. Há dois anos, temeu-se a insolvência, o que significaria a extinção ou a queda na quarta divisão. Nessa altura, a Sampdoria, que em 2021 viu o então presidente Massimo Ferrero ser preso por dívidas e outras trafulhices várias, foi resgatada por um investidor inglês, Matteo Manfredi, que chegou com os bolsos cheios, planos ambiciosos e vontade de reerguer o outro grande clube de Génova, a par do Genoa, e por onde já passaram quatro futebolistas portugueses: Hugo, Adrien Silva, Bruno Fernandes e Pedro Pereira.
Porém, o declínio estava em marcha e não houve forma de o parar. Manfredi abriu os cordões à bolsa e logo na primeira época, após a despromoção à Serie B, investiu cerca de 45 milhões de euros, tudo para falhar o objetivo de regressar à Serie A. Mais tarde, outro endinheirado, o Joseph Tey Wei Jin, juntou-se à causa, mas não houve melhorias. Pelo contrário.
A época atual começou com Andrea Pirlo no comando técnico, seguindo-se outros três treinadores. Quase 40 jogadores foram utilizados, entre eles cinco guarda-redes. O desnorte e o desespero aumentaram com o desenrolar da época e culminaram no tão temido desfecho. Oito décadas depois de ter surgido dos escombros da 2.ª Guerra Mundial, da junção de dois clubes locais, o Andrea Doria e o Sampierdarenese, a Sampdoria está no limbo e o futuro, a existir, é preocupante.