Lourosa e Feirense começam a disputar o play-off de acesso à Liga 2 no próximo domingo (11 horas), num jogo que terá lotação esgotada. Nelson Pais e Fernando Leão, pelos fogaceiros, e Américo Teixeira e Armando Teixeira, pelos lusitanistas, reviveram dérbis de outrora e brindaram ao fair-play.
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Com o início da eliminatória que colocou o concelho da Feira no centro das atenções, num exacerbar de paixões e rivalidades natural entre rivais vizinhos, antigos jogadores de Feirense e Lourosa, entre eles os atuais presidentes das duas freguesias, Fernando Leão e Armando Teixeira, juntaram-se para mostrar que tudo "não passa de um jogo de futebol e que, no fim dos 90 minutos, somos todos amigos", explica o mentor da iniciativa, Nelson Pais.
Ao perceber que "algumas pessoas estão a sentir isto como uma espécie de guerra", Nelson Pais decidiu convidar o amigo lourosense, Américo Teixeira, para um jantar antes do arranque do play-off. Não tardaram a estender o convite aos presidentes das Juntas de Freguesia da Feira e de Lourosa, num momento que acabou "mediado" pelo vereador do Desporto da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Mário Jorge Reis.
O jantar realizou-se na última quinta-feira, em território neutro, na freguesia de Rio Meão. Tal como num jogo de futebol, houve a habitual troca de galhardetes, neste caso de camisolas dos dois clubes, entre os convidados. Na ementa, conversas intermináveis sobre dérbis de outrora, que desaguavam num play-off que se prevê de "uma intensidade incrível, dentro e fora do campo", por uma vaga na próxima edição da Liga 2. Mas não mais do que isso. Seja porque a amizade se sobrepõe a qualquer rivalidade, mas também "porque nem o castelo da Feira nem a capela de S. Miguel virão abaixo" seja qual for o resultado. "Não é nem mais nem menos do que um jogo de futebol", nota Américo Teixeira.
De emblema do Lusitânia cravado no casaco, perto de onde bate o coração, Américo Teixeira recorda os dérbis que disputou enquanto jogador. "Antigamente, o Feirense e o Lourosa jogavam com malta da terra. Quando acabavam os jogos, às vezes juntávamo-nos. Naquela altura, a amizade entre os futebolistas era completamente diferente da de hoje", conta.
"Há pessoas de Lourosa que jogaram no Feirense e que se destacaram, como o Quitó. O Adolfo (Teixeira) é de Lourosa e vingou no futebol na Feira, tal como um antigo presidente da Junta de Lourosa, Carlos Gomes, que gostava do Feirense", acrescenta Nelson Pais, ele que vai sofrer à distância no jogo da primeira mão, este domingo, em Lourosa. "À hora do jogo, vou estar na meia maratona do Douro, mas sempre a olhar para o telemóvel para saber o resultado. No segundo jogo, já vou estar presente, se calhar com o Américo ao meu lado, na bancada. Sem problema algum. Os jogadores é que são os artistas. Cá fora, as pessoas têm de assistir, vibrar e, no final, irem todas beber uma cerveja", atira.
Naturalmente, os amigos só se dividem quanto ao desfecho que desejam para a eliminatória. Puxando da ironia, Américo Teixeira não desdenhava ver o seu Lourosa "ganhar por 10-0 logo no primeiro jogo para virmos à Feira tranquilos fazer um piquenique no castelo", enquanto Nelson Pais contentava-se com uma vitória do Feirense garantida com "um golo do meio-campo, com a bola a tabelar no árbitro e a entrar". Prognósticos para serem lidos com a devida distância e à luz de uma rivalidade sadia entre amigos que fazem do futebol um motivo de celebração.