Adeptos estão apreensivos em relação à queda na Liga 2, mas garantem apoio. Pedem união entre o clube e a SAD e um crescimento sustentável.
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É na Prelada onde se situa a Barbearia 77, a mais fiel ao Boavista da cidade do Porto. Camisolas de futebol no teto, fotografias com jogadores na parede, inclusive com o amigo Bruno Fernandes, formado no clube do Bessa. É aqui que Álvaro Ferreira, Nuno Jesus e Bruno Guedes, três sócios do Boavista, se sentam para partilhar as emoções fortes de ver o emblema do coração descer de divisão até à Liga 2. “Ainda custa falar”, resume o último, ao JN.
Apoio não faltou, nem esperança, mas a realidade foi bem diferente. “Já era previsível que ia ser difícil, há muitos anos que andamos a empurrar os problemas com a barriga. Vendemos jogadores e não pudemos contratar”, diz Álvaro Ferreira, barbeiro. A opinião geral do trio é que “a época não foi bem preparada” e que os três treinadores e a fraca prestação em casa ajudam a explicar o colapso. “Não conseguimos perceber, talvez os jogadores não estivessem habituados e acusaram a pressão”, adianta Bruno Guedes. Curioso foi, também, a saída de Cristiano Bacci, a poucas semanas do Boavista contratar mais de dez jogadores. “Não houve esclarecimentos e era um treinador que os adeptos gostavam. Já o Lito Vidigal foi um tiro ao lado”, diz Nuno Jesus, que gosta do trabalho de Stuart Baxter.
A descida de divisão nunca foi um cenário que passasse pela cabeça destes adeptos, mas competir na Liga 2, dada a situação financeira, causa receio. “Antes de inscrever jogadores há que garantir a inscrição da equipa e isso é algo que temos medo todos os anos, ainda mais agora”, explica Bruno Guedes.
Para o futuro há que ter um plano. “Preferia um investidor que apostasse na formação, com um centro de estágio, o que recuperava a génese do clube. Estou pronto para abdicar do presente em prol do futuro para se andar para a frente. Às vezes, é preciso dar um passo atrás”, diz Nuno Jesus. Os três adeptos defendem que a “SAD e o clube devem andar de mãos dadas e não dizerem que andam”. “Queremos um projeto de crescimento sustentável, dívidas pagas e uma melhor comunicação com os sócios”, pede Bruno Guedes em relação ao futuro.
A paixão continua. “O Boavista nunca me prometeu nada e deu-me um campeonato. É isso que vou levar para a vida”, garante Álvaro Ferreira.